sexta-feira, 26/12/25
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Cirurgia de Bolsonaro: três pontos sobre oitava cirurgia do ex-presidente desde facada

Em meio a momento decisivo para a direita, Jair Bolsonaro foi autorizado a deixar a prisão temporariamente para uma cirurgia

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de correção de hernia inguinal bilateral. — Foto: Pablo Porciuncula/AFP

 

Por BBC

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi submetido nesta quinta-feira (25/12) a uma cirurgia para corrigir hérnias na região da virilha.

Esta é a oitava cirurgia à qual Bolsonaro é submetido desde que foi vítima de uma facada durante a campanha nas eleições presidenciais de 2018.

Segundo uma postagem em seu perfil nas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), disse que o procedimento foi realizado com sucesso.

A cirurgia começou por volta das 9h e a previsão era de que terminasse por volta das 13h. A expectativa, segundo a equipe médica, é que ele fique internado por aproximadamente uma semana antes de voltar à carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, em Brasília.

É lá que Bolsonaro vem cumprindo sua pena de 27 anos de prisão por crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição ao Estado democrático de Direito. A condenação foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro deste ano. Bolsonaro, no entanto, alega ser inocente.

A cirurgia de Bolsonaro acontece em um momento de definições no ambiente político brasileiro, especialmente na direita. No início de dezembro, o senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciou que seu pai o escolheu como candidato à Presidência da República em 2026.

Uma hérnia acontece quando algum órgão ou tecido “escapa” do abdômen por uma fresta na musculatura. No caso de Bolsonaro, de acordo com o laudo elaborado pela Polícia Federal, o ex-presidente apresenta hérnias nas duas virilhas. Na direta, foi constatado a saliência de uma alça do intestino.

Na esquerda, os peritos identificaram uma saliência de uma camada de gordura que reveste o abdômen.

Ainda segundo o laudo da PF, as hérnias na região inguinal (virilha) têm maior incidência em homens idosos.

Segundo os peritos da PF, apesar de haver a possibilidade de tratamento não operatório, a maioria dos cirurgiões recomenda a intervenção cirúrgica nos casos de hérnia inguinal.

Isso acontece porque, segundo eles, a tendência é de que o quadro se agrave com o tempo podendo levar a situações mais graves como o “estrangulamento” do órgão ou do tecido que escapou da parede muscular.

Apesar de ser a oitava internação de Bolsonaro para cirurgias desde a facada, Flávio Bolsonaro disse estar confiante sobre o resultado dos procedimentos.

“Se Deus (ele) quiser, ela (cirurgia) vai ser bem-sucedida como todas as outras e vai sair mais forte do que nunca dessa”, disse o senador nesta quinta-feira.

Bolsonaro vem enfrentando sucessivas cirurgias desde que foi vítima de um atentado a faca na reta final da campanha presidencial de 2018.

Esquema de segurança

 

A cirurgia de Bolsonaro teve de ser autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo no qual foi condenado em setembro.

Para que Bolsonaro pudesse ser operado, Moraes determinou um rígido esquema de segurança.

O esquema determinado por Moraes previa:

  • Transporte sob escolta policial entre a Superintendência da PF em Brasília e o hospital DF Star. Uma vez no hospital, Bolsonaro deveria entrar pela garagem
  • Vigilância da PF sobre o hospital e sobre o leito em que Bolsonaro ficará internado. Pelo menos dois agentes da PF deverão ficar na porta do leito de Bolsonaro durante todo o período de internação
  • Proibição de entrada de computadores, telefones celulares, tablets e outros equipamentos eletrônicos exceto os da equipe médica. Os agentes da PF deverão fazer a revista dos que ingressarem no leito
  • Visitas ao ex-presidente estão liberadas apenas à sua mulher, Michelle Bolsonaro, e aos filhos. Demais visitas precisam de autorização de Moraes

 

Inicialmente, Moraes havia autorizado apenas a visita de Michelle, mas às vésperas da cirurgia, ele alterou sua decisão e permitiu que os filhos do ex-presidente também o visitassem.

Gestos políticos

A nova cirurgia de Bolsonaro também resultou em gestos políticos em um momento de definições para a direita.

Ao longo dos últimos dias, familiares e apoiadores de Bolsonaro se manifestaram em solidariedade ao ex-presidente, mas também aproveitaram o momento para tratar das eleições de 2026.

As mais recentes aconteceram na véspera de Natal, com a divulgação de um vídeo de aproximadamente cinco minutos em que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pede orações a marido.

“Peço que continuem orando por ele, pelas famílias injustiçadas e pela nossa nação”, disse Michelle no video que foi divulgado nas redes sociais na mesma hora em que foi transmitido um pronunciamento do presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em rede nacional de rádio e televisão.

A principal manifestação política em torno da cirurgia de Bolsonaro, no entanto, aconteceu nesta quinta-feira, quando Flávio leu uma carta que, segundo ele, teria sido escrita e assinada por seu pai na qual o ex-presidente declara seu apoio formal à candidatura de Flávio à Presidência da República.

“Ao longo da minha vida, tenho enfrentado duras batalhas, pagando um preço alto, com a minha saúde e família, para defender aquilo que acredito ser o melhor para o nosso Brasil. Diante desse cenário de injustiça, e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, tomo a decisão de indicar Flávio Bolsonaro como pré-candidato à presidência da república em 2026.”, diz um trecho da carta lida por Flávio em frente ao hospital pouco tempo depois de o pai entrar no centro cirúrgico.

 

 

 

 

 

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