Novas estimativas da Secretaria de Economia detalham quanto o reajuste custará até 2027; PCDF, PMDF e CBMDF avaliam efeitos da medida e reforçam pautas ainda pendentes

A Secretaria de Economia do Distrito Federal (Seec) atualizou, nesta terça-feira (2), as projeções orçamentárias da recomposição salarial das forças de segurança pública. Segundo cálculos preliminares, o impacto financeiro será de R$ 193 milhões em 2025, saltando para R$ 2,46 bilhões em 2026, quando as duas parcelas do reajuste estarão integralmente incorporadas, e R$ 2,48 bilhões em 2027. O Jornal de Brasília ouviu a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que explicaram os efeitos imediatos da medida, avaliaram a valorização das carreiras e apontaram reivindicações que permanecem em aberto.
De acordo com a Seec, apenas os valores estimados para 2025 se referem à entrada da primeira parcela, que será paga na folha de dezembro. A partir de janeiro de 2026, com a segunda etapa da recomposição, os valores passam a refletir a incorporação integral dos novos salários ao longo de todo o exercício fiscal.
A pasta reforçou que o reajuste será aplicado em duas parcelas e varia conforme a carreira. Para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), o aumento é linear, de 24,32%, dividido em 12,15% em dezembro de 2025 e 11,5% a partir de janeiro de 2026.
Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o reajuste é escalonado: de 27,27% (categoria especial) a 24,43% (terceira categoria).
Anexos revelam como ficará cada soldo, subsídio e gratificação
Os anexos da nova legislação detalham, cargo a cargo, como serão os valores finais após a recomposição. As tabelas mostram a evolução salarial em três etapas (até 30 de novembro de 2025, a partir de dezembro de 2025 e a partir de janeiro de 2026) para todas as patentes militares e carreiras da PCDF. No caso da PMDF e do CBMDF, o soldo de um coronel, por exemplo, passa de R$ 3.195,04 para R$ 4.153,55 em dezembro, chegando a R$ 4.800,00 em janeiro. Já entre os delegados da Polícia Civil, o subsídio da classe especial sobe de R$ 30.542,92 para R$ 34.455,47 e alcança R$ 38.872,66 no início de 2026. Os anexos também trazem reajustes em gratificações específicas, como a Vantagem Pecuniária Especial (VPE), auxílio-moradia, incentivos à função militar e vantagens previstas para carreiras dos ex-Territórios, demonstrando o impacto completo da recomposição em toda a estrutura remuneratória das forças de segurança.
PCDF: “Houve maturidade e avanço significativo”
A Polícia Civil avaliou positivamente a recomposição, embora reconheça que o reajuste não elimina integralmente as perdas decorrentes da ruptura da paridade com a Polícia Federal.
“A categoria avaliou o reajuste de forma positiva. Embora não tenhamos atingido o percentual histórico idealmente almejado, houve maturidade por parte dos policiais para compreender o cenário e extrair o máximo possível nas negociações atuais”, afirmou a corporação.
A PCDF reforça que a paridade permanece como pauta central “Restou uma lacuna para que os governos pudessem, de fato, fazer justiça com a PCDF. Apenas a PCDF ficou de fora do alinhamento conquistado por carreiras dos ex-Territórios, rompendo uma igualdade histórica sem justificativa técnica.” Segundo a instituição, as 700 nomeações autorizadas pelo Governo do Distrito Federal ocorrerão em 29 de dezembro, todas destinadas ao cargo de agente de polícia.
Sobre o impacto direto da recomposição na atividade policial, a corporação afirmou: “A chegada de novos policiais é vital para enfrentar crimes cibernéticos e organizações criminosas sofisticadas. O déficit de efetivo prejudica investigações complexas e a recuperação de ativos, inclusive de idosos que perdem economias em golpes.”
A PCDF ainda defende a necessidade de um ciclo constante de recomposições e concursos: “É imprescindível manter uma política de Estado que garanta reposição regular do efetivo e a manutenção do poder de compra dos policiais.”
Bombeiros confirmam percentuais
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) confirmou que seguirá os percentuais definidos no PLN 31/2025 e na Medida Provisória assinada no início de dezembro. A corporação também adiantou que os 89 novos bombeiros oriundos do último concurso serão nomeados em 29 de dezembro.
Apesar de reconhecer o reforço, o comando explica que a medida não será suficiente para suprir integralmente o déficit operacional em áreas como salvamento, atendimento pré-hospitalar e combate a incêndio.
“Estamos com concurso em andamento com 356 vagas imediatas. A depender da conveniência e do fluxo de carreira, novos concursos devem ocorrer para garantir a manutenção do efetivo”, afirmou a corporação.
Sobre evasão, os bombeiros ressaltam que não há histórico de perdas relevantes: “Historicamente, a evasão de profissionais não é uma realidade, já que os militares seguem para a reserva após cumprir os requisitos legais.”
A corporação destacou ainda as prioridades estruturais em curso: construção de três novos grupamentos, reformas de unidades e ações contínuas de saúde mental.
Sindepo
A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Distrito Federal (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, afirmou que o avanço representa uma conquista coletiva:
“Esta é uma vitória construída com muito diálogo, persistência e resiliência. Agradecemos especialmente aos parlamentares da bancada federal do DF, que compreenderam a importância desse avanço para a segurança pública e para a valorização dos nossos delegados e policiais.
Com o JBr.


