
Miguel Lucena
Os militantes da chamada direita juram que Jair Bolsonaro foi processado e preso porque “enfrentou o sistema”. Mas afinal, o que é esse sistema? Não é um ente abstrato, uma conspiração nebulosa ou um punhado de burocratas escondidos em gabinetes. O sistema são as instituições que sustentam a República — Judiciário, Congresso, Ministério Público, forças de controle — e o modelo econômico e jurídico que a Constituição de 1988 garante. Para derrubar isso, não basta bravata: seria necessária uma revolução que pusesse tudo abaixo, com ruptura total da ordem.
Bolsonaro jamais quis extinguir o capitalismo ou reescrever as bases econômicas do país. O que ele buscava era livrar-se das amarras constitucionais, os conhecidos freios e contrapesos que limitam qualquer governante — de direita, de esquerda ou de centro. Governar sem esses limites só é possível por dois caminhos: golpe ou revolução. E quando essas aventuras fracassam, seja no Brasil, nos Estados Unidos ou em qualquer canto do mundo, a resposta institucional costuma ser dura, às vezes implacável. O sistema não perdoa aqueles que tentam destruí-lo e não conseguem.
A história mostra: tentativa de ruptura frustrada cobra seu preço. E o preço costuma ser alto.

