domingo, 23/11/25
HomeBrasilSertralina e pregabalina: o que são remédios citados por Bolsonaro como causa...

Sertralina e pregabalina: o que são remédios citados por Bolsonaro como causa de surto que levou a violação de tornozeleira

Ex-presidente foi preso preventivamente neste sábado (22), por decisão do STF, e teve prisão mantida após audiência de custódia. Especialista diz que confusão e surtos são sintomas incomuns, mas podem acontecer.

 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro alegou à Justiça que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica ocorreu durante um “surto” causado por medicamentos. Ele citou dois: pregabalina e sertralina. E também negou qualquer tentativa de fuga.

A juíza responsável pelo atendimento decidiu manter a prisão preventiva do ex-presidente após a audiência de custódia.

Segundo informações das bulas, os medicamentos citados por Bolsonaro são usados em tratamentos psiquiátricos, especialmente em casos de ansiedade e depressão. Ambos podem causar reações adversas que incluem alterações de humor e alucinações, apesar de serem sintomas mais raros.

A psiquiatra Danielle Admoni, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que a sertralina e a pregabalina não costumam provocar alucinações. Segundo ela, os efeitos adversos mais frequentes dessa combinação estão relacionados à sedação e ao ritmo de metabolização de cada paciente, especialmente em pessoas idosas.

“Não causam alucinação, o que podem causar mais é sonolência. Na verdade, a sertralina é um remédio bastante tranquilo, com pouco efeito colateral. Pode dar algumas alterações, entre elas sonolência. E a pregabalina também pode levar a sonolência, tanto que a gente costuma começar ela à noite.”

 

A médica diz que fatores como idade e diferenças individuais no metabolismo podem alterar a forma como cada organismo reage à medicação. Por isso, mesmo que efeitos incomuns não sejam esperados, não é possível descartá-los completamente sem avaliar o histórico de cada paciente.

“Quando a gente pensa em alguém mais velho, tem que pensar em dose também. A gente pode ter respostas individuais. Então, nunca dá para falar ‘ah, isso não é de jeito nenhum’, sem conhecer o paciente.”

 

Um boletim médico divulgado neste deste domingo (23), assinado pelos médicos Cláudio Birolini, cirurgião-geral, e Leandro Echenique, cardiologista, diz que Bolsonaro relatou ter apresentado, na noite de sexta (21), um episódio de confusão mental e alucinações.

Os médicos acompanham Bolsonaro e afirmam que o quadro de confusão mental pode ter sido provocado pela pregabalina, medicamento prescrito por outro profissional.

Segundo o documento, a pregabalina tem interação relevante com remédios que o ex-presidente já usa regularmente para crises de soluços — clorpromazina e gabapentina.

Os médicos afirmam que a associação pode causar efeitos colaterais como confusão mental, desorientação, sedação, alterações de equilíbrio, alucinações e prejuízo cognitivo.

Segundo a equipe que acompanha a saúde do ex-presidente, o uso da pregabalina foi suspenso imediatamente.

 

A pregabalina pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula do medicamento. Os efeitos vão desde sintomas leves e comuns, como dor de cabeça e náusea, até eventos raros e potencialmente graves, incluindo reações alérgicas severas e alterações cardíacas.

As reações mais frequentes são dores de cabeça, que acontecem em cerca de 10% dos usuários. Outros menos comuns formam uma lista extensa, que inclui alterações físicas e emocionais. Entre elas:

  • Nasofaringite, aumento do apetite, irritabilidade, euforia, confusão e desorientação
  • Insônia, diminuição da libido, mudanças de memória e atenção.
  • Tremores, dificuldade de coordenação motora, letargia e sensação de embriaguez.
  • Visão turva ou dupla, vertigem.
  • Náusea, diarreia, vômitos, constipação e gases.
  • Cãibras, dores musculares e articulares, dor lombar e nos membros.
  • Edema (inchaço), marcha anormal e quedas.
  • Cansaço e aumento de peso.

 

Esses efeitos tendem a ser mais leves e, em muitos casos, diminuem com o tempo de uso, mas podem impactar a rotina de parte dos pacientes.

A medicação também pode causar reações incomuns (entre 0,1% e 1% dos pacientes) como:

  • Incluem alterações no humor, no sistema nervoso e no funcionamento de órgãos:
  • Neutropenia (queda de células de defesa), anorexia e hipoglicemia.
  • Alucinações, inquietação, mudanças bruscas de humor e despersonalização.
  • Aumento ou perda da libido, anorgasmia e disfunção sexual.
  • Desmaios, mioclonia, discinesia e outros distúrbios motores.
  • Alterações visuais, como redução da acuidade, dor ocular e visão periférica prejudicada.
  • Taquicardia, bradicardia, hipertensão ou pressão baixa.
  • Dificuldade para respirar, sangramento nasal, refluxo e hipersecreção salivar.
  • Erupções na pele, urticária e sudorese.
  • Incontinência urinária, disúria, retardo na ejaculação e disfunção erétil.
  • Febre, calafrios, fraqueza e alterações laboratoriais, incluindo enzimas hepáticas e glicose.
  • Hipersensibilidade, agressividade e perda de consciência também aparecem entre os efeitos relatados.

 

O que é sertralina, e para que serve?

 

A sertralina é um antidepressivo que aumenta a disponibilidade de serotonina no cérebro, substância ligada ao humor, ao bem-estar e ao controle da ansiedade.

De acordo com a bula da medicação, a sertralina é indicada para adultos no tratamento de:

  • Depressão, inclusive quando há sintomas de ansiedade;
  • Transtorno do pânico;
  • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
  • Fobia social;
  • Síndrome da tensão pré-menstrual e transtorno disfórico pré-menstrual;
  • O medicamento também é aprovado para tratar transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em adultos e em crianças a partir de 6 anos.

 

A sertralina aumenta a ação da serotonina, uma substância que regula o humor, o sono, o apetite e outras funções, como a digestão e a cognição. Ela ajuda a aliviar sintomas como tristeza persistente, preocupação excessiva, ataques de pânico, compulsões e pensamentos obsessivos.

A medicação pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula atualizada do medicamento. Os efeitos variam de sintomas leves e comuns até eventos raros e potencialmente graves que exigem atenção médica imediata.

As reações mais comuns, que ocorrem em mais de 10% dos pacientes, são:

  • Enjoo, diarreia e indigestão;
  • Tontura e dor de cabeça;
  • Tremores;
  • Falta de apetite;
  • Insônia ou sonolência;
  • Fadiga;
  • Sudorese excessiva;
  • Boca seca;
  • Disfunção sexual, como atraso na ejaculação e redução da libido.

 

Outras reações comuns, mas que costumam aparecer entre 1% e 10% dos pacientes são:

  • Constipação, náuseas com vômitos e dor abdominal;
  • Dores musculares, perda ou ganho de peso e aumento do apetite;
  • Dor no peito, palpitações e febre;
  • Zumbido, formigamentos e agitação;
  • Agressividade e comportamento hiperativo;
  • Infecções urinárias, incontinência e impotência;
  • Rinite, sinusite e bocejo frequente.

 

As reações incomuns incluem efeitos que podem indicar alterações mais significativas no organismo:

  • Fraqueza muscular;
  • Hipomania ou mania;
  • Dores nas articulações;
  • Sangramentos anormais, como manchas roxas, sangue nasal ou fezes com sangue;
  • Aumento das enzimas do fígado, indicando possível comprometimento hepático.

 

VEJA TAMBÉM

Comentar

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Publicidade -spot_img

RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Este campo é necessário

VEJA TAMBÉM