Arnaldo Niskier
Da Academia Brasileira e da
Academia Carioca de Letras
Com o seu vasto conhecimento em Matemática e Ciências Financeiras, o professor Rubens Penha Cysne, da FGV, realizou uma interessantíssima palestra no Conselho de Notáveis da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços. Abordou o uso da IA com intenções destrutivas e demonstrou que o treinamento da IA se baseia no passado. A evolução começou em 1800 a.Cristo, quando o Código de Hamurabi governou as primeiras transações financeiras.
Hoje, o uso da IA gera uma grande incerteza, com a criação de bolhas e quebras indesejáveis. É muito difícil prever o futuro da IA, pois ela tem ampliado problemas que já existiam, como aconteceu na Coréia do Sul, onde uma só falha colocou todo o processo a perder.
A IA joga com a agonia das pessoas. Até onde e quando isso será suportável? Se examinarmos o foco acadêmico, podemos concluir que há efeitos no emprego e salários, com desigualdade de renda. Sabemos que é necessário o foco regulatório, onde estamos atrasados na abordagem das questões éticas e no exame do viés algorítmico. Devemos focalizar, com a urgência necessária, a intrincada questão dos direitos autorais, considerando que, hoje, a IA revoluciona o processamento de dados. Qual a consequência disso tudo?
As gerações da IA passam pelos sistemas de regras, pelo machine learning, a IA generativa e os necessários agentes, que são sistemas autônomos que agem no mundo para atingir seus objetivos. Nisso tudo, devemos estar atentos à detecção de fraudes, tornando um relevante desafio a discriminação algorítmica que pode perpetuar vieses existentes nos dados. O efeito manada de algoritmos pode causar instabilidade, aumentando os riscos à estabilidade. A IA não cria novas causas de crise, mas amplifica as existentes através dos canais existentes. Devemos ter muito cuidado com a desinformação, pois a ela é treinada com dados do passado.
Devemos enfrentar a armadilha do curto prazo, como chamou a atenção o professor Rubens Cysne, com muita propriedade. Segundo ele, “previsões de longo prazo exigem compreensão de mudanças estruturais, geopolíticas e sociais, o que é difícil para a IA.”
O desafio é equilibrar as eficiências que a IA traz com os riscos sistêmicos que ela pode introduzir. Devemos utilizar toda a nossa Inteligência para enfrentar um mundo de regras necessárias, na corrida global da IA, em que estamos todos empenhados.

