domingo, 26/10/25
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Bravatas de ladrões pés-de-chinelo

 

Ilustração

 

Miguel Lucena

Foi-se o tempo em que ladrão se limitava a gritar “perdeu, perdeu!”. Agora, para dar mais emoção ao crime — e tentar evitar petelecos da polícia — eles incorporaram personagens de facção. Basta um chinelo no pé, um celular pré-pago e uma boa dose de audácia.

Na Asa Norte, uma secretária viveu um capítulo de suspense digno de novela das oito. Atendeu ao telefone achando que era paciente querendo reagendar consulta, mas era um sujeito que, com voz macia, se apresentou como membro do Comando Vermelho. Em segundos, o roteiro mudou para filme de terror: ameaças, Pix e pedidos de informações sobre médicos. Tudo isso sem sequer tirar o chinelo — ou levantar do sofá.

Em outra cena, o cabo Tenório, ao se preparar para aplicar um corretivo no meliante, ouviu o alerta dramático: “Bata não, que sou do PCC!”. O policial até suspendeu o tabefe, não por medo, mas por dúvida: será que o estatuto da facção prevê carteirinha de estudante ou crachá corporativo?

Esses ladrões pés-de-chinelo descobriram que, no Brasil, a intimidação cabe no WhatsApp, e a coragem cabe num par de Havaianas. A ameaça virou bravata, o crime virou teatro — e o medo, infelizmente, ainda é real.

Mas, se continuar assim, logo teremos curso técnico: “Como ser bandido de facção em 5 lições — sem sair de casa e sem perder o chinelo.”

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