quarta-feira, 22/10/25
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As drogas e a mortalidade no Brasil e no mundo

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Miguel Lucena

O debate sobre drogas, lícitas e ilícitas, muitas vezes se perde em preconceitos e simplificações. Os números, no entanto, ajudam a dimensionar a gravidade do problema. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool foi responsável por cerca de 2,6 milhões de mortes em 2019, o que representa 4,7% de todos os óbitos globais. As drogas psicoativas, como cocaína, crack, maconha e opiáceos, responderam por mais de 600 mil mortes anuais. O tabaco, embora lícito, é ainda mais devastador: só no Brasil, provocou aproximadamente 134 mil mortes em 2021.

No cenário nacional, os dados impressionam. Estima-se que 102,3 mil mortes em 2019 estejam ligadas ao consumo de álcool, equivalendo a 12 vidas perdidas por hora no país. A violência associada ao abuso da bebida vai além das doenças: acidentes de trânsito, brigas, homicídios e violência doméstica frequentemente têm o álcool como combustível.

As drogas ilícitas também cobram seu preço. Em 2018, o Brasil registrou mais de 1.700 mortes por overdose, um crescimento expressivo em relação aos anos 2000, quando eram cerca de 350. A cocaína é a substância mais frequentemente identificada nas mortes por overdose, aparecendo em quase metade dos casos. Embora a maconha raramente seja causa direta de óbito, seu uso abusivo pode agravar transtornos mentais e aumentar riscos de acidentes.

A tragédia se completa com os índices de violência letal. Em 2024, o país registrou 38.772 homicídios, número que coloca o Brasil entre os países mais violentos do mundo. Boa parte desses assassinatos está ligada ao tráfico de drogas e à disputa entre facções.

Esses números mostram que a linha entre drogas lícitas e ilícitas é tênue quando se trata de vidas perdidas. O álcool e o tabaco, amplamente consumidos e socialmente aceitos, matam muito mais do que a soma de todas as drogas ilegais. Já estas últimas alimentam o crime organizado e ceifam vidas tanto pelo consumo quanto pela violência associada.

A sociedade e o poder público precisam encarar o problema. Não se trata apenas de proibir ou liberar substâncias, mas de reduzir danos, oferecer tratamento digno aos dependentes, restringir a propaganda de bebidas e cigarros e investir em políticas de prevenção. Cada vida poupada é uma vitória contra a indiferença que esses números, tão frios, tentam ocultar.

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