quarta-feira, 17/09/25
HomePolíticaPresidente do PT diz que é preciso derrotar anistia e rejeita redução...

Presidente do PT diz que é preciso derrotar anistia e rejeita redução de penas pelo 8/1

O governo vai tentar derrubar a proposta

Foto: Ricardo Stuckert PR/Instagram Edinho Silva

 

CATIA SEABRA E VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

 

O presidente do PT, Edinho Silva, defende uma articulação para derrotar a proposta de uma anistia ampla para os condenados pela trama golpista. Ele afirma que a derrubada de projetos que incluem um perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um movimento importante para fortalecer a democracia.

“Nós temos espaço para dialogar, para formar maioria e tentar impor uma derrota à anistia. Sou ainda daqueles que defendem que a gente leve o diálogo ao máximo e construa as condições para derrotar a anistia, porque a anistia hoje seria um ato contra o Brasil, contra a nossa democracia, contra as nossas instituições”, diz, em entrevista à reportagem.

Edinho afirma ainda que desconhece propostas que prevejam a redução de penas para esses condenados, alternativa discutida por líderes partidários, mas diz que esse tipo de discussão deveria ser precedido de um amplo debate e contemplar a sociedade como todo, não apenas um grupo específico.

“Não pode ter casuísmo. Se vai ter uma reforma do código criminal, uma reforma que estabeleça uma outra dosimetria de penas, ela tem que valer para todos os crimes estabelecidos no Código Penal. Não pode ser algo casuístico. É isso que sou contra, que haja uma reforma casuística”, diz.

“Se tem a necessidade de fazer uma reforma da dosimetria de penas, [que] se protocole um projeto no Congresso, que o Congresso debata, que a sociedade debata, que os criminalistas debatam, e que os juristas possam debater. Acho que é o normal numa democracia”, completa.

Segundo Edinho, derrotar a proposta de anistia é importante politicamente para fortalecer a democracia num contexto em que o país é alvo de uma ofensiva do governo Donald Trump, que promete novas sanções ao país após a condenação de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).

As declarações de Edinho foram dadas na segunda-feira (15), um dia antes da reunião em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou aos líderes partidários sua disposição de levar a voto o requerimento de urgência para o projeto de anistia. O governo vai tentar derrubar a proposta.

O presidente do PT avalia que a condenação de Bolsonaro pelo Supremo não afasta o risco de avanço do fascismo no país. “O fascismo é maior que o Bolsonaro. O Bolsonaro é uma expressão do pensamento fascista, como o Trump é uma expressão do pensamento fascista”, diz. “O fato de ele não disputar a eleição não significa que nós derrotamos esse pensamento fascista no Brasil.”

Ele se recusa a citar nominalmente exemplos do que seria essa expressão fascista. “Mas é só você olhar a política nacional: quem faz discurso contra os direitos das mulheres, dos negros, desrespeita os direitos dos homossexuais, quem é que faz discurso de demissão de pessoas que pensam diferente e quem é que faz discurso de defesa de interesses do Trump contra os interesses brasileiros. Penso que consegue caracterizar”, acrescentou.

Ao ser questionado se essa referência incluía o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), provável sucessor de Bolsonaro, Edinho reforça que não citaria nomes. “A sociedade identifica quem é fascista. As práticas fascistas são colocadas aí”, diz.

Edinho afirma que, na sua opinião, a propaganda nacional que o PT levará ao ar não deve ter como alvo o governador de São Paulo, ao contrário do que ocorreu no programa partidário estadual. Segundo ele, a linha do programa estadual foi traçada pelo PT paulista.

“Não é inteligente o PT valorizar um interlocutor que prioriza a defesa dos interesses americanos. É inteligente defender a soberania nacional e as ações do governo Lula. Escolher um interlocutor nessa altura do momento que nós estamos vivendo, na minha avaliação, é pouco inteligente”, afirmou.

Para a eleição presidencial de 2026, ele propõe a formação do que classifica como um campo democrático, com o objetivo de reeleger Lula “diante do risco que nós estamos vivendo, de termos avanço autoritários, avanços não democráticos e avanços incisivos do pensamento fascista, como ocorre no mundo”.

Edinho reconhece, porém, que nem todos os partidos que integram o governo estarão, formalmente, no palanque de Lula.

O presidente do PT diz esperar que União Brasil e PP, partidos que criaram uma federação e anunciaram desembarque do governo, se mantenham abertos ao diálogo. Edinho afirma ainda que, se puder colaborar para buscar um entendimento com as siglas, ele vai atuar. O ex-prefeito tem relação com lideranças do centrão, entre elas o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).

Edinho também defende uma saída pela política para o impasse das emendas parlamentares, alvo de tensão entre Congresso, Planalto e Supremo.

“Estamos vivendo num sistema totalmente contraditório com aquilo que decidiu a Constituição de 1988, num processo de esvaziamento do presidencialismo. Porque quando o Congresso executa R$ 52 bilhões em emendas, o presidencialismo está esvaziado.”

Ele defende que as principais lideranças do Congresso se sentem à mesa com representantes do Executivo para “construir uma saída pela política”, com um “ponto de equilíbrio” na execução desses recursos. “Toda vez que você tem o Judiciário como poder moderador de uma contradição entre Legislativo e Executivo isso não é bom.”

Um dos responsáveis pela costura de alianças para 2026, Edinho aposta em composições estaduais.

“Teremos muitas alianças estaduais. Muitas vezes elas não serão formais, mas elas vão existir. Por isso que eu penso que é muito importante que a gente faça diagnóstico estado por estado e construa alianças com o presidente Lula estado por estado. Alianças formais e alianças informais”, afirmou.

 

 

VEJA TAMBÉM

Comentar

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Publicidade -spot_img

RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Este campo é necessário

VEJA TAMBÉM