
Miguel Lucena
Hermeto partiu, mas deixou no ar a melodia que inventou com chaleiras, panelas, copos d’água e até o vento. O “Bruxo” de Lagoa da Canoa, Alagoas, fez da vida um laboratório sonoro, transformando o banal em encantamento.
Seus cabelos brancos eram rios de notas; suas mãos, orquestras inteiras. Não havia fronteira: jazz, forró, frevo, tudo cabia na sua música universal.
Agora, o silêncio parece desafinado, mas basta ouvir uma chaleira ferver para lembrar que Hermeto segue tocando. Ele nos ensinou que viver é escutar — e que a eternidade é feita de som.