
Miguel Lucena
No Nordeste, uma manchete dessas daria pano pra manga e risada na feira de Catolé. “Máquina de secar tabaco”? E como seria esse tabaco seco? Seco de tanto esperar? Seco de saudade? Ou seco de promessa que nunca chega?
Lá em Catolé tinha uma moça danada de faceira, que vendia tabaco na feira cantando seu pregão: “Ô tabaco bom, bom de se cheirar!”. Agora, com essa invenção, teria de arrumar outra rima, que combinasse com “tabaco seco” ou “seco tabaco”, trava-língua que dá nó na boca e malícia no ouvido.
O povo do sertão não perdoa um trocadilho: logo alguém gritaria do meio da feira — “Se o tabaco é seco, quero ver quem vai molhar!”.