sábado, 12/07/25

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Ali vai um homem bom

Foto: Arquivo pessoal

 

Miguel Lucena

Quem são esses homens simples do retrato, de chapéu de palha, rosto queimado de sol, que carregam o caixão do meu pai? São lavradores, vaqueiros, pedreiros, homens que guardam nos calos das mãos a dureza da lida e a brandura do coração. São eles que, em silêncio respeitoso, acompanharam Miguel Vicente de Lucena em sua última viagem pelas ruas de Princesa, naquele 25 de dezembro de 1984.

Não houve banda de música, coroas floridas ou discursos enfeitados. O que houve foi a verdade pura de quem viveu honrando a palavra, o aperto de mão, o favor dado sem esperar troco. As despedidas vieram ditas com a sinceridade que não cabe em homenagens oficiais: “Ali vai um homem bom”.

Na beira do túmulo, cada olhar parecia rezar um terço mudo, agradecendo por cada conselho, cada ajuda, cada palavra dada a quem precisava ouvir.

O céu, naquele Natal, parecia chorar uma chuva fina, como quem lava a alma do chão e do coração.

Meu pai se foi do mesmo jeito que viveu: simples, decente, grande na humildade. E no silêncio pesado daquele dia, ouvi a cidade inteira repetir, como ladainha que ecoa pelos morros e sítios: “Ali vai um homem bom”.

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