
Miguel Lucena
Depois de virar um uísque no gargalo sob o sol de Patos, o presidente da Câmara, Hugo Mota, teve uma epifania: derrubou o aumento do IOF, atendendo com presteza os bancos que, coitados, andavam muito aflitos. Em sessão espírita improvisada no terreiro de um aliado, baixou a alma do avô, Edivaldo Mota, que perguntou: “Onde já se viu querer regular o coração do capitalismo? Esse PT ainda acredita em papai Noel de macacão operário!”
Logo depois, manifestou-se Roderico Borges, ex-UDR, bradando que o corpo devia cortar os auxílios: “Quem quiser comer, que plante!”
A alma de Humberto Lucena apareceu mais sóbria, sugerindo equilíbrio: “Nem tanto ao mercado, nem tanto à miséria, senão vira Venezuela com samba de gafieira.”
E no canto da sala, um pobre de direita, possuído por um ressentimento inexplicável, resumiu a ópera: “Eu quero é que todo mundo se lasque!”
E os bancos? Ah, esses continuam rindo — encarnados e desencarnados.