Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baqai, disse que a cooperação com a AIEA “certamente será afetada”

O Parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira (25) a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informou a televisão estatal, após uma guerra de 12 dias em que Israel e Estados Unidos bombardearam as instalações nucleares do país.
“A AIEA, que se recusou inclusive a condenar minimamente o ataque às instalações nucleares do Irã, colocou em jogo sua credibilidade internacional”, declarou o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf.
Em sua declaração, Ghalibaf anunciou que a Organização de Energia Atômica do Irã suspenderá a cooperação com a AIEA “até que seja garantida a segurança das instalações nucleares”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baqai, disse que a cooperação com a AIEA “certamente será afetada”.
O porta-voz criticou a agência da ONU por ter aprovado uma resolução em 12 de junho acusando o Irã de não respeitar suas obrigações nucleares, o que se tornou “uma das principais desculpas” para os bombardeios dos EUA e de Israel.
A decisão ainda requer a aprovação do Conselho de Guardiões, o órgão responsável por revisar a legislação.
No Parlamento, de 290 cadeiras, 221 legisladores votaram a favor e um optou pela abstenção. Não houve nenhum voto contra, segundo a televisão estatal.
Israel iniciou uma campanha aérea sem precedentes em 13 de junho contra o Irã, país que acusa de tentar desenvolver arma nuclear. Teerã nega as acusações e defende seu direito a um programa nuclear civil.
Na madrugada de domingo, os Estados Unidos bombardearam as instalações nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan, uma ação com a qual se uniu à guerra de Israel contra a República Islâmica.
Um frágil cessar-fogo anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após 12 dias de guerra, entrou em vigor na terça-feira.
Após a votação desta quarta-feira, os deputados gritaram “Morte aos Estados Unidos” e “Morte a Israel”, informou a televisão estatal.
Desde o início da guerra, as autoridades iranianas têm criticado duramente a AIEA por não condenar os ataques israelenses.
© Agence France-Presse