segunda-feira, 23/06/25
HomeBrasilTragédia em SC: quais são as circunstâncias ideais para voo de balão

Tragédia em SC: quais são as circunstâncias ideais para voo de balão

Segurança para voos envolve análises meteorológicas complexas e um rigoroso treinamento da equipe

Reprodução

 

No último sábado (21/6), Praia Grande, no sul de Santa Catarina, foi palco de um acidente de balão que resultou na morte de oito pessoas. A cidade, conhecida por seus passeios turísticos de balonismo, realiza cerca de 600 voos mensais, operados por 30 empresas desde 2017.

O acidente ocorreu durante um passeio organizado pela empresa Sobrevoar, que oferece voos ao amanhecer ou ao entardecer, com duração média de 45 minutos e custo de R$ 550 por pessoa. O voo incluía café da manhã, transfer e um brinde com espumante.

O piloto experiente, João Vitor Justo, destacou que o balonismo é uma prática considerada segura. Ele explicou que a segurança envolve análises meteorológicas complexas e um rigoroso treinamento da equipe.

— Fazemos uma análise bem complexa para as condições de voo. Normalmente, essa análise começa uma semana antes da data escolhida [para o voo], porque é quando as previsões são mais exatas. O último ponto de análise de uma condição climática é no campo de decolagem — explica o piloto.

O balão também tem divisão interna em boxes para passageiros, tanques de gás e equipamentos de emergência, como extintores e kits de primeiros socorros, que precisam estar regularizados.

Investigação e reações

As condições climáticas no dia do acidente eram consideradas ideais, com céu claro e ventos fracos. As investigações agora se concentram em identificar falhas que levaram ao incêndio no balão.

Sobreviventes relataram que tudo aconteceu rapidamente e que, inicialmente, acreditavam que todos haviam conseguido pular. O caso, que chocou a comunidade local, segue em investigação pelas autoridades competentes para esclarecer as causas e evitar novos incidentes.

Entenda o acidente

O piloto, que sobreviveu, informou à Polícia Civil que o fogo teria começado no cesto, vindo de um maçarico usado no balão de ar quente. Ele disse que tentou controlar o incêndio, mas o extintor não funcionou. Como o balão ainda estava próximo ao solo, o piloto teria dito que desceria até o chão e orientou as pessoas a pularem do cesto.

Dos passageiros, 13 conseguiram saltar. No entanto, o balão logo voltou a subir, devido à diminuição do peso no cesto e ao ar quente causado pelas chamas. Vídeos feitos por pessoas que passaram pelo local registraram o momento em que cesto está em chamas, no ar, e poucos segundos depois se solta e despenca no chão. De acordo com os bombeiros, quatro pessoas morreram carbonizadas dentro do cesto e outras quatro morreram na queda.

A investigação foi iniciada logo depois do acidente. Além do piloto, a Polícia Civil já ouviu cinco sobreviventes. Imagens ainda estão sendo colhidas e documentos indicaram que a empresa tinha autorização para a prática.

A Polícia Civil deve responder se houve negligência, imprudência, imperícia ou dolo para assumir o resultado. A depender das análises, piloto e proprietário da empresa responsável pelo voo podem ser indiciados por homicídio doloso ou culposo, informaram os investigadores no sábado, em entrevista coletiva.

Em nota, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (Fab), informou que investigadores se deslocaram da base aérea de Canoas (RS) até o local do acidente para levantar informações iniciais sobre a queda do balão.

“A conclusão dessa investigação ocorrerá no menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. Quando concluído, o Relatório Final será publicado no site do Cenipa, acessível a toda a sociedade”, disse o Cenipa.

A empresa responsável pelo passeio, Sobrevoar, informou que todas as operações foram encerradas por tempo indeterminado, em nota divulgada no sábado. A companhia também disse que cumpria todas as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que está prestando apoio aos familiares das vítimas.

Especialistas defendem regulamentação para voos de balão

Aline Aguiar, diretora de capacitação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Turismo de Aventura, destacou a ausência de regulamentação específica para voos de balão no Brasil. Em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, Aline explicou que as operações atuais seguem normativas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para garantir segurança.

Ela ressaltou a importância do Sistema de Gestão da Segurança, que se tornou obrigatório para prestadores de serviços de ecoturismo e turismo de aventura. Esse sistema normatiza a segurança das operações turísticas e inclui inventários de perigos, riscos e planos de ação emergenciais.

Aline diferenciou passeios de aventura de passeios comerciais, enfatizando que a legislação atual não especifica regras para voos comerciais que transportam grupos maiores de turistas. Segundo ela, há esforços em andamento desde o ano passado para regulamentar essas atividades, visando aumentar a segurança.

Ela também alertou turistas a verificarem se as empresas estão regularizadas, possuem alvará e cadastro, e se os guias estão habilitados. Aline frisou a importância de os consumidores verificarem a política de segurança e regulamentos das empresas antes de contratar serviços de turismo de aventura.

A diretora concluiu que a busca por regulamentação mais específica continua, destacando que muitas empresas já seguem as diretrizes de segurança, mesmo sem a certificação obrigatória. Aline reitera a importância de qualificar o setor para garantir a segurança dos usuários.

Fonte: NSC TOTAL

 

 

VEJA TAMBÉM

Comentar

Please enter your comment!
Please enter your name here

RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Este campo é necessário

VEJA TAMBÉM