
Maria José Rocha Lima
Quero celebrar o seu aniversário, Mirna Filadélfo Leite e Flores, agradecendo pela sua vida tão fecunda e rara.
Desde nosso primeiro encontro, percebi que você carrega uma luz própria — uma simplicidade, um desapego das coisas materiais e uma espiritualidade que a distingue grandemente das pessoas que cruzam nosso caminho no cotidiano. Com o tempo, fui descobrindo que, embora você viva no mundo, o mundo não a domina.
Ao contrário de muitas mães da pós-modernidade, que frequentemente se queixam da maternidade e dos desafios de criar filhos, você vive a celebrar sua prole. São três filhas e dois filhos, todos muito bem-educados, em uma vida de simplicidade autêntica, pautada na fé, na educação cristã — algo tão raro hoje — e na prática cotidiana do bem, da união familiar e da formação moral e espiritual.
Recentemente, testemunhei o milagre do nascimento de Sofia, sua netinha, filha de Alice. A história de Sofia é uma verdadeira lição de fé e coerência cristã, do valor inegociável da vida. Diante de um diagnóstico difícil — uma disfunção no cordão umbilical que impedia seu desenvolvimento — uma médica sugeriu o aborto. A família, porém, se uniu em oração e esperança, recusando-se a aceitar aquele desfecho. O milagre aconteceu. Sofia, tão amada e esperada, venceu os desafios e hoje está em casa, acolhida com muito carinho pelo irmãozinho Atos.
Descobri também que você e seu esposo, o médico Luciano Santos Flores, são baianos de nascimento, mas cedo alçaram voo, levando amor e cuidado ao mundo. Jovens ainda, se engajaram em ações filantrópicas e foram para o continente africano, levando esperança a quem mais precisava. De volta ao Brasil, continuaram sua missão, atuando na organização Visão Mundial, sempre em defesa da vida, da dignidade e da fé.
Homenagear pessoas como você, Mirna, exige poesia. Por isso, me socorro das palavras da inesquecível Cora Coralina:
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita,
alegria que contagia, lágrima que corre,
olhar que acaricia, desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, pura.
Enquanto dura.”
Feliz vida, Mirna! Que Deus continue iluminando seus passos e abençoando sua missão de amor.