Para garantir o bem-estar dos jovens no exterior, o Governo do Distrito Federal (GDF) oferecerá uma ajuda de custo mensal, além de ações de acolhimento e cuidado com a saúde emocional.

Brasília, DF – Cerca de 300 estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal realizaram no último domingo (8) a prova de proficiência em língua inglesa, etapa crucial do programa Pontes para o Mundo. A iniciativa da Secretaria de Educação (SEEDF) visa levar 100 alunos para um intercâmbio de 17 semanas no Reino Unido, entre setembro e dezembro deste ano. A avaliação, que ocorreu no Plano Piloto e no Riacho Fundo, busca aferir a competência linguística dos jovens para essa vivência internacional transformadora.
Gêmeos com o mesmo objetivo: voar alto com o inglês
Entre os participantes da prova, os irmãos gêmeos Tiago Felipe e José Pedro Lima Travassos, de 16 anos, exemplificam o entusiasmo e a dedicação dos estudantes. Alunos do Centro Interescolar de Línguas (CIL) de Ceilândia, eles chegaram à Faculdade Senac da 913 Sul acompanhados dos pais, Maria Aparecida Lima e Elizabeto Travassos, com o mesmo sonho: conquistar uma vaga no programa.
Tiago Felipe conta que o estudo de inglês começou de forma autodidata durante a pandemia da covid-19. “Comecei a praticar inglês por volta de 2020, talvez até um pouco antes, de forma bem autodidata. Aprendi muito assistindo filmes, jogando e conversando com estrangeiros pela internet. Eles falavam inglês comigo, eu respondia, e assim fui pegando o jeito”, revela.
José Pedro Lima demonstrava confiança na avaliação. “Acho que a prova vai ser relativamente fácil, nível A1 ou B1, então deve ser tranquilo. Vai ser de boa mesmo”, brincou o estudante. Animado com a possibilidade de sair do país pela primeira vez, ele já tem planos para a chegada ao Reino Unido. “Estudar e aprender uma cultura completamente diferente da minha vai ser incrível. Mas a primeira coisa que eu vou fazer chegando lá, se eu passar, será comprar coisas, com certeza. Quero levar lembranças para casa. Roupas também, sem dúvida”, diz José Pedro.

Expectativa em família: o orgulho de ver os filhos conquistarem o mundo
Para Maria Aparecida Lima e Elizabeto Travassos, pais dos gêmeos, o momento é de uma mistura de alegria, ansiedade e imenso orgulho. “A gente nunca ficou longe deles. Eles são muito inteligentes, sempre foram. Um deles se formou no CIL com apenas 15 anos, o aluno mais novo da unidade a se graduar”, conta Maria Aparecida. Ela ressalta a facilidade dos filhos com idiomas, que aprenderam inglês e até francês sozinhos em casa durante a pandemia, sem a necessidade de cursos ou professores.
Elizabeto Travassos, o pai, compartilha o sentimento: “O coração fica apertado, claro. Além de sentir falta deles, eu ainda tenho que acalmar a mãe. Mas a gente sabe que eles estão conquistando algo que ninguém tira, que é o conhecimento. Nós trabalhamos a vida inteira por isso, para que eles tenham asas e possam voar. É o futuro deles”, concluiu.
A seleção e os desafios do programa
A avaliação de proficiência em língua inglesa, aplicada nos campi do Senac (913 Sul) e do Instituto Federal de Brasília (IFB) no Riacho Fundo, abrangeu as quatro competências linguísticas: escuta, fala, leitura e escrita. A prova se baseou no Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (QECR), considerando níveis de proficiência entre A1 e B2. O programa é direcionado a estudantes do ensino médio e da educação profissional da rede pública do DF, que deverão se dedicar integralmente aos estudos nas instituições estrangeiras.
Para garantir o bem-estar dos jovens no exterior, o Governo do Distrito Federal (GDF) oferecerá uma ajuda de custo mensal, além de ações de acolhimento e cuidado com a saúde emocional. A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, enfatizou que o programa vai além do ensino de inglês. “Ao implantar o programa, a Educação dá um passo ousado e necessário rumo a uma escola pública mais inclusiva, moderna e conectada com o mundo. Estamos investindo na formação integral dos nossos jovens e reafirmando que acreditamos no potencial de cada um deles. Este é um compromisso com o presente e, sobretudo, com o futuro da nossa educação”, afirmou.
O secretário-executivo da Educação, Isaías Aparecido, também acompanhou a aplicação das provas e destacou a importância da iniciativa. “Hoje é um dia muito importante para os nossos estudantes da rede pública de ensino. Eles estão participando da prova de proficiência em língua inglesa como parte do programa Pontes para o Mundo, uma iniciativa do Governo do Distrito Federal que representa um marco no avanço da educação pública no Distrito Federal”, disse.
A subsecretária de Educação Básica, Iêdes Braga, ressaltou que o programa é uma estratégia de transformação que prepara os estudantes para os desafios de um mundo globalizado. “Este programa vai muito além do aprendizado de um novo idioma. Ele abre portas para o conhecimento, amplia horizontes e cria oportunidades reais de crescimento pessoal, acadêmico e profissional. Dominar a língua inglesa é, hoje, uma habilidade essencial para quem deseja acessar melhores oportunidades no mercado de trabalho, participar de intercâmbios e acompanhar os avanços da ciência e da tecnologia”, explicou.
David Nogueira, coordenador do programa Pontes para o Mundo, destacou que esta fase é decisiva para garantir a preparação dos estudantes para a experiência internacional. Ele também apontou os desafios logísticos, pedagógicos e emocionais envolvidos em levar os alunos para uma imersão no exterior. “Esta etapa avalia a competência linguística dos estudantes, já que eles passarão meses no Reino Unido. Além da seleção, nossos maiores desafios envolvem preparar as escolas, engajar as famílias, garantir apoio à saúde física e mental dos estudantes e escolher parceiros no exterior que ofereçam acolhimento e segurança. É uma responsabilidade enorme, mas os benefícios para os jovens e para a educação pública fazem tudo valer a pena”, concluiu.
O resultado final da seleção dos alunos será divulgado no final deste mês, e a expectativa é grande para os 100 estudantes que terão a oportunidade de construir suas próprias pontes para o mundo.
Fonte: Agenda Capital