A prisão temporária de Roberto Gonçalves, ex-gerente executivo da Petrobras, e de Nelson Martins, suposto operador financeiro, vence nesta quarta-feira (25).
Os investigados foram presos na 20ª fase da Lava Jato no estado do Rio de Janeiro e estão detidos na superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
Como a prisão temporária dos dois investigados já foi prorrogada por mais cinco dias, o que pode acontecer agora é uma conversão para prisão preventiva, quando não há prazo para expirar, ou a liberdade.
O pedido para preventiva deve partir da PF ou do Ministério Público Federal (MPF) e a decisão cabe ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.
Roberto Gonçalves e Nelson Martins são suspeitos de participação no esquema criminoso de fraude, corrupção e desvio de dinheiro. O objetivo da 20ª etapa da operação é buscar provas documentais sobre crimes cometidos dentro da petrolífera.
Com relação a Roberto Gonçalves, a investigação sustenta que há indícios de que ele, no cargo de gerente executivo da Petrobras, recebeu propina em contratos da empresa. Na decisão da prorrogação do prazo, Moro considerou bilhetes apreendidos pela PF na casa de Gonçalves.
A defesa de Roberto Gonçalves chegou a argumentar que, sabendo que era investigado, não faria sentido ele manter em sua residência “caderninhos auto-incriminatórios”. O advogado James Walker ainda criticou a interpretação dos bilhetes feita pela PF.
Já o suposto operador financeiro Nelson Martins Ribeiro foi indiciado pela PF pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. No relatório, a investigação aponta ligações dele com o operador Bernardo Freiburghaus, réu em processo da Lava Jato, e ainda com funcionários da Odebrecht.
Conforme a PF, o exame das contas bancárias de Nelson Ribeiro indicou movimentação de US$ 190,2 milhões, além de € 4,45 milhões, entre os anos de 2009 e 2012. A defesa dele afirma que a liberdade do cliente não atrapalharia as investigações.
Operação Corrosão
A 20ª fase da Operação Lava Jato cumpriu 18 mandados, sendo dois de prisão temporária e 11 de busca e apreensão.
A Justiça Federal ainda concedeu cinco mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento – todos relacionados a ex-funcionários da Petrobras.
O nome desta fase da Lava Jato, “Corrosão”, faz menção à luta diária da Petrobras para combater os desgastes nas plataformas.
“Pasadena, por exemplo, é conhecida como ruivinha justamente pelo nível alto de corrosão. Mas o termo que nós nos referimos é justamente o que a corrosão causa no empresário, na população e em políticos”.
São ex-gerentes da Área Internacional e ex-profissionais do setor de inteligência que, de acordo com as investigações, receberam valores indevidos de representantes de empresas com contratos relacionados às refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Pasadena, nos Estados Unidos.
“Há notícias de pagamento de propina para elas. Assim como o Paulo Roberto Costa já tinha dito que recebeu propina no caso Pasadena, hoje nós temos o nome de inúmeros funcionários que receberam propina. A tramitação desse projeto é muito estranha e nós estamos aprofundando as investigações”, afirmou o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima, referindo-se ao caso Pasadena, que gerou um prejuízo de US$ 792,3 milhões à Petrobras.
Os documentos apreendidos, de acordo com o MPF, estão relacionados às irregularidades em Pasadena. A intenção é buscar o ressarcimento dos cofres públicos.