quarta-feira, 23/04/25
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Todos iguais na morte

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Miguel Lucena

Enquanto muitos poderosos preparam pompas para o pós-vida, Papa Francisco escolheu a simplicidade do pó. Nada de urnas cravejadas, nem de mármores eternizados — quer um caixão simples de madeira, como quem devolve o corpo à terra sem alarde. No Vaticano, onde cada rito costuma ter mais pompa que missa de sétimo dia de rei, o gesto do papa soa como sermão silencioso: na morte, o trono e o banco de praça se nivelam.

Não é apenas escolha estética. É teologia vivida. Francisco, o da cruz nos ombros e da mala feita sem luxo, quis ensinar até no testamento que ninguém leva status para o além. Nem camadas de verniz, nem honras protocolares, nem cortejo de príncipes. Apenas a alma, esta sim — se tiver sido boa companhia — pode pesar na balança divina.

Se a humildade é o último ensinamento, que se abra o caixão de madeira como se abre uma porta para o céu. E que o mundo, no silêncio do gesto, aprenda a morrer com grandeza e viver com mais simplicidade.

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