
Por Miguel Lucena
Né do Ó e Eduardo Bolsonaro têm mais em comum do que se imagina. Ambos perceberam, cada um à sua maneira, que certas tempestades são melhor enfrentadas à distância.
Né do Ó, coitado, não planejou nada. Acabou com o carro de um político importante e fugiu de Princesa, Paraíba, para Petrolina, Pernambuco. Ainda teve tempo de enviar um recado pelo filho, João, para a esposa, Ambrosina:
– João, filho do meu coração, diga a Petrolina que eu vou para Ambrosina.
Já Eduardo, ah, esse sim é estrategista: olhou o céu carregado, sentiu o vento mudando e decidiu que o melhor era se licenciar—afinal, ninguém segura um guarda-chuva contra um furacão político.
Dizem que a diferença entre o azarado e o esperto é a velocidade da reação. Né do Ó, em seu nervosismo, confundiu as direções e quase fez poesia involuntária ao mandar o filho João dizer a Petrolina que ia para Ambrosina. Eduardo, por sua vez, preferiu a prosa burocrática: pediu licença e ficou por lá mesmo, sabedor de que, em certas ocasiões, o melhor caminho não é o de volta, mas o de frente para a Disneylândia.