Curativo é trocado a cada dois dias pela unidade de saúde; 10ª DP apura. Ao ser transferido para UTI, menino teve pés atingidos por água quente.
Após cinco dias do incidente que causou queimaduras de segundo grau nos dois pés do bebê Miguel, de 1 ano, a mãe Fernanda Aguiar, de 33 anos, diz que ainda não recebeu nenhum pedido de desculpas oficialmente do Hospital Brasília. A unidade de saúde fica no Lago Sul e não quis comentar as declarações. A 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal investiga o caso.
Miguel estava internado havia 18 dias para tratar de uma otite, mastoidite e pneumonia. Ao ser transportado da UTI para o quarto, uma garrafa térmica, que estava dentro do berço com outros objetos pessoais, vazou água quente e atingiu os dois pés do menino. A mãe do bebê registrou um boletim de ocorrência e pretende entrar na Justiça contra a empresa.
“Ninguém me procurou oficialmente para pedir desculpas ou explicar o que vai acontecer com as enfermeiras que transportaram o Miguel. Ontem (26), por exemplo, houve uma reunião no hospital para falar sobre o meu filho e ninguém me avisou. Nada justifica as queimaduras e os inúmeros erros. Porém, preciso de algum posicionamento”, disse a publicitária Fernanda Aguiar.
Os curativos de Miguel serão trocados a cada dois dias no hospital. Segundo Fernanda, os médicos informaram que a recuperação de Miguel dependerá do organismo dele e cuidados. “Eles disseram que crianças são como lagartixas e se renegeram rápido. Tudo indica que ele vai ficar bem, sem sequelas ou marcas. O cuidado primordial, de acordo com os doutores, é que as queimaduras não desenvolvam uma infecção e não crie pele em locares indevidos.”
A direção do Hospital Brasília não quis comentar o tratamento. A unidade de saúde apenas informou, por nota, que a criança está sendo acompanhada ambulatorialmente por uma equipe de cirurgia plástica e permanecerá com estes cuidados até recuperação total. “O Hospital Brasília informa que instaurou um comitê interno para apuração dos fatos.”
“O Miguel está engatinhando. Às vezes, ele fica em pé e, quando dói, acaba sentando. Segundo o médico, meu filho precisa andar e movimentar, então o deixo a vontade para ficar como preferir”, conta Fernanda.
Ela diz que a rotina da casa mudou após o incidente, ocorrido na última quinta (22). “Preciso ficar junto dele o tempo todo. Estou sem trabalhar, porque ele não pode voltar para a creche nessas circunstâncias.”
Segundo a mãe de Miguel, os cuidados com a criança estão redobrados. Apesar do calor, ele só pode tomar um banho por dia e não pode molhar os pés.
“Precisamos de duas pessoas para dar banho. Ele chora muito, está assustado. Faz as alimentações no nosso colo e se sente inseguro com a presença de pessoas desconhecidas”, conta a mãe.