Miguel Lucena
Enquanto o Brasil ferve em debates acalorados nos grupos de WhatsApp e Telegram sobre a denúncia da PGR contra Bolsonaro por liderar uma suposta trama golpista, meu foco desviou-se para um tema, digamos, mais prosaico, porém não menos intrigante: as vantagens de o homem urinar de cócoras.
A revelação veio através dos confrades Edson Vidigal Filho e Vavá da Luz, dois cavalheiros de vasto repertório cultural e, ao que parece, de curiosidade científica também. No entanto, que fique claro: ambos apenas compartilharam o estudo, sem qualquer intenção de aderir à prática. Pelo menos, foi o que garantiram — com certa ênfase.
O estudo, segundo relataram, aponta benefícios surpreendentes para a saúde masculina. A posição de cócoras facilitaria o esvaziamento completo da bexiga, reduzindo o risco de infecções urinárias e outros desconfortos. Além disso, seria uma postura mais natural, alinhada à anatomia humana. A ciência moderna, portanto, resgatando os hábitos dos tempos das cavernas.
Diante de tal descoberta, não pude evitar imaginar o impacto de uma eventual adesão em massa. Banheiros públicos teriam que ser reformulados, talvez com áreas específicas para os adeptos da nova tendência. Surgiriam tutoriais no YouTube, influenciadores digitais ensinando a técnica correta, hashtags como #UrinarDeCócoras dominando as redes sociais. O mercado, sempre atento, lançaria acessórios ergonômicos para tornar a prática mais confortável. E, claro, não faltariam polêmicas: grupos conservadores bradando contra a “descaracterização da masculinidade”, enquanto os progressistas aplaudiriam a evolução dos costumes.
O mais curioso, porém, seria o cenário doméstico. Imaginem o diálogo matinal entre casais: — Amor, você viu o meu banquinho de cócoras? — Tá no banheiro da visita! Deixa lá, porque o seu irmão veio passar o fim de semana e também aderiu.
No grupo dos amigos, as conversas mudariam de tom: — Rapaz, depois que comecei a usar o método, nunca mais acordei de madrugada pra ir ao banheiro! — Comigo foi a mesma coisa! E ainda melhorei o alongamento das pernas.
Enquanto isso, no grupo da família, a tia Maria compartilharia uma corrente garantindo que urinar de cócoras alinha os chakras e atrai boas energias, enquanto o primo cético mandaria um meme comparando a posição a um jogador de futebol esperando o VAR.
Volto, então, ao ponto inicial. Enquanto o país se digladia em torno de questões políticas, talvez estejamos ignorando uma revolução silenciosa acontecendo nos banheiros. No fim das contas, cada um escolhe a polêmica que melhor lhe convém. Uns discutem tramas golpistas, outros, a ergonomia do xixi. Eu? Fico com a certeza de que a vida é mais leve quando encontramos humor até nas coisas mais simples. Afinal, rir é sempre o melhor remédio — seja de pé ou de cócoras.