Por Miguel Lucena
O agente Silviclei, um homem econômico até a última gota de suor, vivia indignado com o motorista do diretor-geral de Polícia. Toda vez que cruzava com o carro oficial, via aquele absurdo: ar-condicionado no máximo e os vidros escancarados.
— Que desperdício! — resmungava, abanando-se com um papel velho.
Silviclei já tinha tentado entender aquela lógica esquisita. Seria um capricho do motorista? Alguma ordem superior? Ou só um exibicionismo climático? Até que um dia seu amigo Julinho, um fofoqueiro de plantão, revelou o mistério:
— Rapaz, tu não sabe de nada! Bolinha, o motorista, sofre de um problema sério… Ele não para de peidar!
Silviclei arregalou os olhos.
— O quê?!
— Pois é! Se ele fecha tudo, morre intoxicado. Se desliga o ar, derrete de calor! Então encontrou a solução: refrigeração total e ventilação permanente!
Silviclei nunca mais reclamou. E, sempre que via o carro passar, segurava a respiração. Vai que…