terça-feira, 11/02/25
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A farsa do alarmismo: desconstruindo a narrativa do caos

Ilustração/IA

 

 

Por Miguel Lucena, advogado e jornalista

Um artigo de Silvia Gabas, repleto de hipérboles e catastrofismos, constrói uma visão distorcida da realidade, baseada em teorias conspiratórias e argumentos falaciosos. A peça, travestida de análise política, não resiste a uma verificação mínima dos fatos e se vale do medo para alimentar um discurso polarizador, sem qualquer embasamento real. Vamos desmontar alguns dos principais pontos desse texto.

1. O suposto “extermínio” do homem comum”

A autora insiste na ideia de que há uma conspiração global para extinguir o “homem comum, branco, heterossexual”, colocando no lugar grupos minoritários favorecidos por um sistema corrupto. Essa tese ignora que a ampliação de direitos para minorias não significa a supressão de direitos da maioria. Inclusão não é exclusão. O reconhecimento de direitos para grupos historicamente marginalizados é um avanço civilizatório, e não uma ameaça àqueles que sempre estiveram no poder.

2. Demonização das pautas sociais

O artigo critica de forma genérica o feminismo, o movimento negro e os direitos LGBTQIA+, sem apresentar qualquer argumento sólido contra eles. O que a autora chama de “subversão da ordem natural” nada mais é do que a busca por equidade e justiça social. Esse discurso vitimista, que coloca o homem branco como perseguido, é uma tentativa de reverter a lógica da opressão, transformando os opressores históricos em supostas vítimas de um sistema que, na realidade, ainda os privilegia.

3. Fake news sobre a OMS e a pandemia

A acusação de que a OMS impôs uma “odiosa ditadura” durante a pandemia é uma simplificação grosseira e irresponsável. As diretrizes da organização foram baseadas em estudos científicos e salvaram milhões de vidas. O negacionismo científico não pode ser confundido com liberdade de expressão. A crítica à OMS ignora o fato de que governos de diferentes espectros políticos seguiram suas recomendações, pois elas eram fundamentadas em evidências.

4. Trump e a fantasia da “Grande Revolução”

A maior falácia do texto está na alegação de que Donald Trump foi “reeleito de maneira arrasadora” e que, junto com Elon Musk, estaria promovendo uma “limpeza” no sistema global. O texto ignora a realidade política dos Estados Unidos, onde Trump enfrenta processos judiciais e grande resistência de setores democráticos e republicanos. Além disso, a suposta demissão de 95% dos funcionários da USAID e o fechamento da agência são informações falsas, sem qualquer base factual.

5. A Guerra contra a Educação

A autora demoniza universidades e escolas, afirmando que são “ninhos de serpentes” onde estudantes têm o cérebro lavado pela esquerda. Esse tipo de discurso anti-intelectual é um clássico das correntes autoritárias, que veem a educação como uma ameaça. O conhecimento liberta, e é justamente por isso que regimes totalitários atacam as instituições de ensino. A diversidade de pensamento nas universidades é essencial para o progresso científico e social.

Conclusão: Um texto baseado no medo e na desinformação

O artigo de Silvia Gabas não passa de um apelo emocional repleto de desinformação. Ele se baseia na ideia de que a civilização ocidental está à beira do colapso e precisa ser “resgatada” por figuras messiânicas como Trump e Musk. Essa narrativa, além de fantasiosa, é perigosa, pois alimenta um clima de paranoia e hostilidade. O mundo não precisa de salvadores autoritários, mas de políticas públicas baseadas em evidências, respeito aos direitos humanos e fortalecimento das instituições democráticas.

O verdadeiro perigo para a civilização ocidental não está na inclusão de minorias ou no avanço dos direitos humanos, mas na disseminação de teorias conspiratórias que tentam corroer a democracia e justificar retrocessos sociais.

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