Por Miguel Lucena
A cena de brasileiros sendo deportados dos Estados Unidos, algemados como criminosos perigosos, é um retrato cruel da humilhação e do desprezo sofridos por aqueles que, movidos pela esperança, ousaram sonhar com uma vida melhor. Abandonados por um sistema que desumaniza os migrantes e ignora suas histórias, esses “enjeitados” cruzaram fronteiras para fugir da miséria, mas encontraram o peso de políticas implacáveis.
O retorno ao Brasil, marcado por correntes nos punhos e olhares inquisitivos, carrega um simbolismo devastador: a negação de sua dignidade. São trabalhadores, pais e mães, jovens cheios de planos que, diante da rejeição, veem seus sonhos transformados em vergonha pública. Não são números ou casos isolados, mas pessoas que merecem ser tratadas com humanidade.
A deportação algemada não é apenas uma medida administrativa, mas um ato que desonra os valores da solidariedade e do respeito aos direitos humanos. Esses brasileiros, vítimas de um sistema desigual, nos lembram que, no regresso, o abandono e a humilhação permanecem como feridas abertas.