quarta-feira, 22/01/25
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Projeto Empoderadas incentiva independência de mulheres em vulnerabilidade social por meio da costura

Com duração de quatro semanas, o curso profissionalizante tem apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF

Imagem: Agência Brasília

 

O mundo da costura pode proporcionar novos horizontes para mulheres que buscam não apenas a independência financeira, mas também a própria redescoberta como uma profissional capacitada. Assim é a linha que tece a primeira edição do projeto Empoderadas de 2025, que ocorre no Complexo Cultural de Samambaia e capacita mulheres em vulnerabilidade social, além de incentivar o empreendedorismo feminino na área de corte, costura, alfaiataria e bordado. Com apoio e fomento de R$ 250 mil da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a oficina gratuita oferece, ainda, um espaço para os filhos das aprendizes.

No Complexo Cultural de Samambaia, mulheres participam de oficina gratuita de costura, aprendendo novas habilidades que elevam a autoestima e permitem geração de renda | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

As aulas vão até 7 de fevereiro, atendendo cerca de 15 aprendizes com a missão de transformar vidas por meio de uma habilidade feita há séculos, muitas vezes passada de geração em geração, mas nem sempre acessada por falta de recursos. Para garantir a inclusão de todas as interessadas, o projeto oferece gratuitamente todos os materiais necessários, incluindo tecidos, linhas, utensílios e máquinas de costura.

O produtor e idealizador do Empoderadas, Fábio Barreira, relata que o primeiro contato com as mulheres no curso é um grande bate-papo para conhecer o perfil das alunas e pensar como abordar e entender a individualidade de cada uma. “Observamos os talentos e incentivamos o empreendedorismo com o artesanato, porque são cursos em que elas trabalham, mas não precisam se ausentar dos seus lares. Sabemos da problemática de muitas mulheres que têm famílias numerosas e não podem se ausentar de casa, então por meio desses cursos elas podem ter um sustento legal e ao mesmo tempo cuidar da família”, detalha.

Crescimento na rede

São quatro horas diárias durante quatro semanas, período em que, nas duas primeiras as mulheres aprendem corte e costura e nas duas semanas subsequentes é ensinado o bordado, que diferencia esta de outras edições de projetos do Governo do Distrito Federal (GDF) que derivam da mesma pasta. Exemplos dessas ações são o projeto Elas, focado na produção de enxovais, e a plataforma Flores do Cerrado, que se dedica ao ensino da costura mais básica.

“Com esse curso gratuit,o você pode ganhar o mundo e ir além do que você imagina”, afirma a dona de casa Severina Maria Batista

O produtor Fábio afirma que os resultados têm sido muito significativos na vida das mulheres ao longo da trajetória da plataforma geral do Flores do Cerrado, que já atendeu cerca de 600 famílias, com o objetivo principal de capacitar as participantes para que possam gerar renda própria e alcançar a independência financeira, um passo fundamental para sair de situações de vulnerabilidade. Durante todo o curso, as alunas são incentivadas a transformar suas criações em negócios lucrativos, aprendendo a explorar o mercado local, participar de feiras de artesanato e até mesmo a criar suas próprias marcas.

Integrante da primeira edição do Empoderadas, a dona de casa Severina Maria Batista, 59, sempre procura cursos gratuitos para se inscrever. Ela ressalta a importância da iniciativa: “Quanto mais a gente aprender, melhor. Às vezes você tem tempo, mas não tem dinheiro para investir no curso. Então, com esse curso gratuito você pode ganhar o mundo e ir além do que você imagina, descobrindo coisas que você não imaginava ser capaz”.

Monitora no projeto, Mirian Bezerra começou a costurar com 12 anos de idade e diz que é muito bom compartilhar conhecimento com outras pessoas

Tendo participado de outros projetos, a auxiliar de costura Mirian Bezerra, 58, agora integra o Empoderadas como monitora. Destacando como esse trabalho é gratificante, ela conta a história com a costura, que iniciou aos 12 anos de idade. Após desistir da atividade para dar atenção a outras áreas da vida, ela retomou o sonho inicial com o projeto do GDF: “É muito bom fazer o que você gosta e ensinar para as pessoas o que você aprendeu. Nesse ensinamento a gente aprende muito também. Eu fiz enxovais de bebês aqui nesse mesmo lugar, foi onde tudo começou. A gente aprende muito, tem todo o material e também o acompanhamento pedagógico”.

Espaço acolhedor

Além da formação técnica, o projeto também se preocupa com o bem-estar das participantes que são mães ou responsáveis pelo cuidado de crianças. Durante o período das aulas, um espaço dedicado ao cuidado infantil é disponibilizado, com monitores capacitados, atividades recreativas e alimentação, garantindo que as alunas possam se concentrar na capacitação, sabendo que seus filhos estão seguros e próximos.

“Saí da depressão em que estava e hoje me sinto uma profissional, já ganho até dinheiro com isso”, celebra a costureira Leudenir Ferreira Lima

É o caso da diarista Sirlene Batista da Silva, de 49 anos, que consegue aprender com mais tranquilidade sabendo que a filha recebe atenção e cuidados na sala ao lado. Sirlene conta que a princípio estava abatida ao descobrir um câncer, mas que o projeto a levantou e deu ânimo para traçar novos planos.

“Costurar era um desejo de muito tempo. E aprendi que não é um bicho de sete cabeças e vou até comprar uma maquininha para continuar treinando”, diz. Ela acrescenta que o curso também ajuda na parte psicológica: “Vou iniciar um tratamento de saúde e há pouco tempo comecei a digerir isso, então o curso ajuda muito a não ficar com o tempo ocioso pensando coisas bobas. Além de ser algo que posso fazer em casa”.

A costureira Leudenir Ferreira Lima, 65, reforça a fala da colega, afirmando que participar do projeto a tirou da depressão. Ela fez parte do Flores do Cerrado e atualmente auxilia no Empoderadas. “Saí da depressão em que estava e hoje me sinto uma profissional, já ganho até dinheiro com isso. Faço bolsas, almofadas e tenho a minha renda. É um projeto maravilhoso não só para bordar, mas é um psicólogo também. A gente acolhe as mulheres, tem muitas pessoas que chegam com o mesmo problema que eu estava, na depressão, e saem daqui boazinhas. Do Empoderadas vão sair muitas costureiras”.

Com Agência Brasília 

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