Ilustração/IA
Miguel Lucena
Vivemos tempos em que a verdade é relativizada, moldada por conveniências e facilmente substituída por narrativas sedutoras. A realidade, concreta e dura, perdeu espaço para ficções cuidadosamente construídas, que embalam ilusões e alimentam esperanças vazias. Mas por que tantos escolhem se enganar, abraçando falsas promessas, ilusões e boatos?
A resposta talvez resida no medo do vazio. A realidade, muitas vezes, é crua e desafiadora, exigindo enfrentamento e esforço. Já as ilusões oferecem conforto imediato, criando um refúgio psicológico onde sonhos são tangíveis e soluções fáceis aparecem. Nesse cenário, a verdade perde o apelo. É mais simples acreditar em palavras bonitas do que encarar a complexidade dos fatos.
As redes sociais potencializam esse fenômeno, transformando mentiras em “verdades” virais. Compartilha-se o que agrada, não o que informa. Os boatos, com sua aparência de urgência e mistério, preenchem lacunas emocionais e intelectuais. E, assim, a ficção ganha força, enquanto a realidade se desintegra sob o peso da indiferença.
Quando a sociedade prefere a ilusão à autenticidade, coloca-se em risco. As falsas promessas não constroem pontes, apenas muros de desilusão. É urgente resgatar o compromisso com o real, mesmo que ele venha acompanhado de desconforto. Só assim seremos capazes de construir um futuro sólido, onde a verdade, e não a ficção, seja a base de nossas escolhas.