Por George Felipe de Lima Dantas
em 14 de novembro de 2024
No dia 13 de novembro de 2024, a Esplanada dos Ministérios em Brasília foi palco de um atentado que abalou o coração do poder público brasileiro. Duas explosões ocorreram quase simultaneamente, uma próxima ao Supremo Tribunal Federal (STF) e outra nas proximidades do Anexo IV da Câmara Legislativa Federal. O ataque resultou na morte do suposto autor, que foi identificado no local entre os destroços deixados pelas explosões. Apesar da intensidade dos eventos, felizmente não houve vítimas fatais entre os civis ou servidores públicos, mas o episódio reacendeu debates sobre segurança pública e a vulnerabilidade das instituições democráticas a ações extremistas.
As investigações preliminares apontaram que o responsável pelo atentado agiu sozinho, caracterizando o perfil de um “lobo solitário”. Esse termo é usado para descrever indivíduos que planejam e executam atos terroristas sem apoio direto de organizações estruturadas. Geralmente motivados por ideologias radicais, ressentimentos pessoais ou mesmo uma busca por notoriedade, esses agentes operam de maneira isolada, tornando-se extremamente difíceis de detectar antes que ataquem. No caso específico de Brasília, o autor foi identificado como um cidadão brasileiro de meia-idade, com histórico de envolvimento em fóruns radicais na internet.
O perfil psicológico dos “lobos solitários” apresenta características bem definidas. Esses indivíduos tendem a ser introspectivos, frequentemente marginalizados socialmente e com uma visão distorcida da realidade. Alimentam ressentimentos profundos contra determinadas instituições ou grupos e são movidos por um senso de missão pessoal, acreditando que sua ação terá um impacto significativo. Muitos demonstram habilidades técnicas ou autodidatas, permitindo que desenvolvam meios sofisticados para realizar seus planos. Além disso, o isolamento dificulta a identificação de sinais que possam ser captados por familiares, amigos ou mesmo autoridades.
Exemplos de ações de “lobos solitários” são abundantes no cenário internacional. Um caso emblemático foi o ataque em Oslo e na ilha de Utøya, na Noruega, em 2011, quando Anders Behring Breivik matou 77 pessoas. Nos Estados Unidos, o atentado em Oklahoma City, em 1995, também foi perpetrado por um único indivíduo, Timothy McVeigh, que agiu motivado por sua oposição ao governo federal. Esses exemplos reforçam a gravidade do fenômeno e a dificuldade de preveni-lo, dado o caráter isolado e imprevisível de seus agentes.
O atentado de Brasília levanta preocupações sobre as novas possibilidades tecnológicas que podem ser exploradas por “lobos solitários”. Dispositivos explosivos improvisados, drones e a utilização de Inteligência Artificial para planejar ou executar ataques tornam a ameaça ainda mais complexa. Ferramentas digitais podem ser usadas tanto para obter conhecimento técnico quanto para radicalização em fóruns clandestinos. Além disso, a disseminação de tecnologias acessíveis reduz barreiras para a realização de atos de violência. Esse cenário exige que autoridades e especialistas em segurança acompanhem de perto a evolução dessas ferramentas e suas implicações.
O episódio também abre um debate especulativo sobre o futuro da segurança global. Recentemente, os serviços secretos de Israel demonstraram como tecnologias avançadas podem ser usadas contra inimigos, ao fazer com que agentes do Hezbollah tivessem seus dispositivos de mensagem explodindo simultaneamente. Esse exemplo sugere que, enquanto a tecnologia oferece novos recursos para prevenir ameaças, ela também expõe vulnerabilidades inéditas. A “Caixa de Pandora” está aberta, e o preço da segurança será a eterna vigilância. No Brasil, o atentado de Brasília serve como um alerta: é imperativo investir em inteligência, prevenção e adaptação contínua às novas ameaças do século XXI.