Registros de cirurgias e atendimentos ambulatoriais cresceram nos últimos anos; especialista destaca importância do diagnóstico precoce
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O mês de novembro, dedicado à conscientização e combate ao câncer de próstata, revela dados preocupantes sobre a doença no Distrito Federal. De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), houve um aumento no número de autorizações de internação para cirurgias relacionadas ao câncer de próstata nos últimos anos.
Em 2024, foram realizadas 264 internações até agosto, enquanto em 2023 o total foi de 428, um aumento em relação a 2022, que teve 409 internações, e a 2021, com 376. Já na produção ambulatorial de procedimentos individualizados, 2023 encerrou o ano com 9.669 atendimentos, um aumento expressivo frente aos 7.634 realizados em 2022 e aos 6.466 de 2021. Até agosto de 2024, já foram contabilizados 7.377 atendimentos ambulatoriais relacionados ao câncer de próstata.
A porta de entrada para tratamento contra o câncer de próstata é a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, de onde são solicitados exames e consultas complementares por meio da Central de Regulação. A rede pública do DF oferece exames laboratoriais, ultrassonografias e tomografias para diagnóstico e acompanhamento das doenças urológicas.
Estimativas do INCA
Os dados da Secretaria de Saúde do DF corroboram as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo a entidade, o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Para o triênio 2023-2025, estima-se que surjam anualmente cerca de 71.730 novos casos no Brasil e 460 no DF. Em 2022, o país registrou 16.429 óbitos pela doença, dos quais 165 ocorreram no Distrito Federal.
O Inca destaca que a maior incidência ocorre em países desenvolvidos e nas regiões brasileiras com maior acesso a diagnósticos. Além disso, 75% dos casos mundiais ocorrem em homens com mais de 65 anos, sendo considerado um câncer da terceira idade.
Fatores de risco e diagnóstico
O Dr. Diogo Assed Bastos, oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que a idade avançada e o histórico familiar são os principais fatores de risco. “Homens que têm familiares com diagnóstico de câncer de próstata, especialmente familiares de primeiro grau, têm mais risco de desenvolver a doença do que homens que não têm história familiar”, afirma. Outros fatores, como a raça e a obesidade, também podem influenciar o risco, mas, segundo ele, esses aspectos “não estão tão bem estabelecidos na nossa população”.
O especialista salienta que, por ser uma doença silenciosa, os exames de rastreamento são essenciais. “Nas fases iniciais não há sintoma. Por isso se recomenda-se, em muitos casos, fazer exames de PSA e toque retal exatamente porque tem uma fase longa em que a doença está se desenvolvendo sem causar sintomas”, orienta. O diagnóstico precoce é facilitado por exames de rotina, mesmo em indivíduos assintomáticos.
Prevenção e tratamentos modernos
De acordo com Bastos, os hábitos de vida saudáveis são importantes para a prevenção de diversas doenças, mas seus efeitos específicos no câncer de próstata ainda não são conclusivos. “Emagrecer, ter pouco percentual de gordura corporal, fazer exercício físico, não fumar, não beber ou fazer um uso moderado de bebida alcoólica, manejar bem o estresse e dormir bem reduzem o risco de câncer em geral”, observa. Ele também cita os avanços nas técnicas cirúrgicas e tratamentos que minimizam efeitos colaterais como incontinência urinária e disfunção erétil, destacando o uso da técnica robótica em alguns casos.
Sobre a importância da campanha Novembro Azul, o oncologista enfatiza: “Ao longo dos anos, essa informação tem se consolidado. Seja através da repetição, seja através de novas informações que vão surgindo, a população está cada vez mais consciente sobre a importância de prevenção e de fazer os exames preventivos”.
O Novembro Azul reforça o papel da conscientização e do acesso à informação para prevenir e tratar o câncer de próstata, estimulando homens a buscarem o diagnóstico precoce e a se cuidarem com hábitos saudáveis e exames de rotina.
Em um cenário onde o câncer de próstata representa uma das principais ameaças à saúde masculina, a experiência de quem venceu essa doença carrega um peso fundamental para inspirar outros homens a se cuidarem. O motorista de aplicativo, Virgílio Pereira, 62 anos, é um exemplo dessa luta. Diagnosticado com câncer de próstata em 2021, ele enfrentou o impacto inicial da notícia e o longo percurso de tratamento, mas hoje, quatro anos depois, compartilha sua vitória.
A descoberta veio de forma inesperada, durante exames de rotina que ele relutava em fazer. “Nunca pensei que algo assim pudesse me atingir. Mas minha esposa insistiu que eu fizesse o check-up”, relembra. Quando recebeu a notícia, o impacto foi devastador. “O diagnóstico é um baque. Eu só conseguia pensar na minha família e em como queria estar presente para eles”, lembrou.
Virgílio passou por cirurgia e sessões de radioterapia, além de todo o acompanhamento médico necessário. “A pior parte foi o medo de perder minha qualidade de vida, de ter dificuldades no futuro. Mas os médicos me tranquilizaram. Foi aí que vi o quão importante é ter acesso a informações e a profissionais preparados”.
Hoje, Virgílio está em remissão e busca conscientizar outros homens sobre a importância do Novembro Azul e dos exames preventivos. “Se eu puder ajudar alguém a se cuidar, valeu a pena. A saúde do homem precisa ser uma prioridade. Eu estou aqui para lembrar que o câncer de próstata pode ser tratado quando detectado cedo”, finalizou.
Com informações do Metrópoles