Na liderança das pesquisas, Nunes, Boulos e Marçal apostam no último debate do 1º turno, nesta quinta-feira, para avançar na disputa à Prefeitura
Boulos, Marçal e Nunes estão tecnicamente empatados, segundo pesquisas eleitorais. – (crédito: Redes Sociais – Youtube/Reprodução – Governo de São Paulo/Divulgação)
A campanha eleitoral que mobiliza os 5.568 municípios brasileiros entra, nesta quinta-feira, em sua fase final, com regras que devem ser seguidas pelos candidatos que almejam conquistar uma cadeira de prefeito ou uma vaga na Câmara de Vereadores. Na televisão e no rádio, a veiculação da propaganda eleitoral obrigatória termina à meia-noite. Esse também é o prazo limite para os comícios com palanque e sistema de som, mas, por ser o último dia de permissão legal, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) admite uma tolerância de duas horas para o encerramento do comício — na prática, o evento eleitoral pode se estender até a madrugada desta sexta-feira.
Carreatas e caminhadas estão liberadas até sábado, quando os candidatos poderão pedir votos aos eleitores e, também, distribuir santinhos e veicular propaganda nas redes sociais. Com relação às pesquisas de intenção de votos, só serão consideradas válidas as enquetes registradas na Justiça Eleitoral até a última segunda-feira. Nesta quarta-feira, deve sair mais uma, do Datafolha.
Esta quinta é também o último dia para promoção de debates entre candidatos. Nas maiores cidades do país, é o dia do “debate da Globo”, considerado o mais importante da campanha, não só por ser o último do primeiro turno, mas por ser promovido pela emissora de maior audiência do país. A maioria dos candidatos mais competitivos costuma dedicar o dia à preparação para o confronto televisivo, que começa às 22h. Por isso, nas grandes cidades em que a disputa está acirrada, com três ou mais oponentes brigando por uma vaga no segundo turno, o programa desta noite ganha contornos dramáticos.
É o caso de Belo Horizonte e São Paulo, que têm três candidatos brigando pelas duas vagas no segundo turno, e Fortaleza, onde a disputa é ainda maior, com quatro nomes competitivos. Na maior cidade do país, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), de centro e com apoio envergonhado do ex-presidente Jair Bolsonaro, vai defender sua gestão e deve ser confrontado de forma mais dura pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSol), do campo da esquerda e apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que pouco participou da campanha —, e pelo influenciador digital e empresário Pablo Marçal (PRTB), o outsider de direita que bagunçou a campanha com sua estratégia de desrespeitar qualquer regra de bom comportamento.
Sem direito ao horário eleitoral obrigatório, Marçal faz a sua campanha praticamente pelas redes sociais, onde tem milhões de seguidores. Correndo por fora, está a deputada Tabata Amaral (PSB), que viu seu nome crescer nas pesquisas, mas não a ponto de ameaçar o trio favorito. A deputada, porém, é quem melhor tem aproveitado o espaço que os debates abrem para se fazer mais conhecida. É, também, a mais contundente nas críticas a Pablo Marçal, por ver boa possibilidade de roubar votos do influenciador.
Belo Horizonte e Fortaleza
Na capital mineira, o apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos) lidera as principais pesquisas, mas não conseguiu ultrapassar, nos últimos 30 dias, a marca dos 30% de intenções de voto. O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), e o deputado estadual Bruno Engler (PL) aproveitaram melhor o período de campanha e, na reta final, encostaram no líder. O que chama a atenção dos analistas é que, no espectro político, o trio está entre o centro e a direita. Os candidatos de esquerda não decolaram até agora: Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT) vão tentar, no debate, atrair esse eleitorado mais progressista.
Na terça-feira, pela primeira vez nesta campanha, os sete principais candidatos à prefeitura de BH estiveram em um debate, em uma rádio da cidade — o prefeito Fuad se recusou a participar dos anteriores. Com o mau desempenho dos candidatos da esquerda tradicional, Fuad mudou de estratégia e incorporou, em seus discursos, pautas ditas “progressistas”, como a defesa de grupos minoritários, e tem conseguido avançar algumas casas nas pesquisas de opinião.
Em Fortaleza, porém, o embate entre direita e esquerda está mais acirrado e pulverizado entre quatro nomes — dois de cada lado, todos com chances de chegar ao segundo turno.
Segundo pesquisa do Instituto Real Time Big Data, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) — apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-ministro Cid Gomes — aparece na liderança, com 26% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL), com 25%.
Também com chances de alcançar o segundo turno estão o deputado federal Capitão Wagner, outro bolsonarista de carteirinha, com 19%, e o atual prefeito, José Sarto (PDT), com 16%, que tem o apoio do ex-presidenciável Ciro Gomes. Apesar de contar com a máquina da prefeitura, Sarto faz parte do time de incumbentes que não conseguiram, ainda, sensibilizar o eleitorado da própria cidade e patina nas pesquisas. Capitão Wagner tenta, pela terceira vez, chegar ao Palácio do Bispo (sede do Poder municipal) e tenta tirar votos de Fernandes e Sarto para se viabilizar eleitoralmente.