Ilustração
Frutuoso Chaves
Certos anúncios não conviriam bem aos dias de hoje, embora tivessem público garantido nas décadas de 1940/50. O estímulo à substituição do leite materno pelo condensado fala bem do que digo.
De todo modo, sou maluco pelo design e pelos “reclames” dos produtos de meados do Século 20. Para mim, nada se compara aos traços de uma antiga Frigidaire. E o que dizer de um Studebaker, zerinho, modelo 1950?
Mas, sem dúvida, muitas das antigas mensagens publicitárias não seriam, hoje em dia, politicamente corretas. Um passeio rápido pela internet me reaviva algumas lembranças.
Revejo, por exemplo, as palmadas do marido no bumbum da mulher que a ele servia, enganosamente, outra marca de café. Coisa da publicidade americana riquíssima na expressão de valores machistas. Vá eu dizer, hoje, a Dona Miriam que o trabalho duro torna mais bela a mulher…
E se eu fizesse como a Prosdocimo em anúncio de freezer: “Você sabe qual a hora de servir feijoada, Dona Miriam? A qualquer hora”.
Minha mulher jamais aceitaria que o mundo é dos homens por mais que me caia bem a nova gravata. Muito menos assim entendem as noras que tenho. E pensar que Dona Vininha, minha mãe, poderia ir às lágrimas com um fogão novo…
Pois é, os tempos mudam. A divisão de tarefas, dentro e fora do lar, entortou (endireitou?) a relação macho/fêmea. Há as que hoje reclamam dos afazeres domésticos depois de um dia no escritório, no consultório, ou na loja. Contudo, os atuais maridos, em número crescente, já podem fazer o mesmo diante da pia.
Ocorre-me, agora, a ideia: vou promover uma reunião, aqui em casa, com as mulheres da família (noras, primas, sobrinhas) para um bate-papo sobre os reclames do rádio, da tevê, das revistas e jornais de antigamente. Eu compro a pizza. Quem lava os pratos?