Maria Clara Serpa Fernandes Canto
PODCAST DA ASSEMBLEIA DE DEUS
Falar sobre finanças parece algo muito pouco espiritual! Acontece, entretanto, que, na prática, não podemos ignorar o fato de que lidamos com esse assunto todos os dias.
O assunto não é novo. Suas aplicações remontam a tempos anteriores a Cristo. A própria Bíblia Sagrada traz referências de juros e de aplicações financeiras.
A origem etimológica da palavra dinheiro remete ao latim denarius, nome dado à moeda que os romanos utilizavam para suas trocas comerciais. Dinheiro é tão importante que é um dos temas mais mencionados na Bíblia. De fato, há cerca de 2.400 versículos relacionados com dinheiro e bens.
A Bíblia está repleta de ensinamentos e princípios relacionados às finanças.
Acreditar que o dinheiro não é importante é se enganar. Afinal, ele está envolvido em nosso dia a dia e praticamente tudo o que fazemos possui relação com ele.
JESUS FALOU DE DINHEIRO POR TRÊS RAZÕES:
1.1- A forma como lidamos com dinheiro impacta a nossa comunhão nossa com o Senhor.
Jesus equipara a forma como lidamos com o dinheiro com a qualidade de nossa vida espiritual. Veja Lucas 16.11
1.2- O dinheiro e posses competem com o Senhor pelo domínio de nossas vidas.
O dinheiro é o principal rival de Cristo pelas nossas afeições. Assim, indica que a nossa relação com o dinheiro influencia de forma significativa em como nos relacionamos com Deus.
1.3. Deus quer que apliquemos o dinheiro sabiamente.
Deus falou tanto sobre dinheiro porque Ele sabia que os problemas financeiros seriam um desafio para todos nós.
Os problemas financeiros têm provocado inúmeros problemas: distanciamento no relacionamento conjugal; insegurança familiar; irritação, tensão e saúde afetada; mau testemunho diante da sociedade etc.
CONTRIBUIÇÃO
O Antigo e Novo Testamento dão muita ênfase à contribuição. Há ordens, sugestões práticas, exortações e exemplos relativos a essa faceta da mordomia cristã.
Na Bíblia, toda forma de cobiça e ganância é condenada, enquanto a generosidade e a caridade são encorajadas.
1-ATITUDE AO CONTRIBUIR
Dar com uma atitude apropriada é fundamental. (I CO:13.3). A contribuição deve ser motivada pelo amor ao próprio Senhor.
2- VANTAGENS DA CONTRIBUIÇÃO
É claro que um presente beneficia aquele que recebe, mas, de acordo com a economia de Deus, quando um presente é dado com a atitude apropriada, o doador beneficia-se mais que o receptor. (Atos 20:35)
3- QUANTIA DA CONTRIBUIÇÃO
Examinemos o que dispõem as Escrituras sobre a quantia a ser dada. Segundo o Antigo Testamento, o dízimo, ou seja, dez por cento dos ganhos pessoais, era o que requeria.
Quando os filhos de Israel desobedeciam a esse mandamento, tal atitude era considerada um roubo ao próprio Deus. Verifiquemos as palavras solenes de Jeová, em Malaquias (3. 8-9)
O homem pode roubar a Deus? Claro que não! Vocês, porém, têm roubado de Mim. O que o Senhor quer dizer com isso? Quando foi que o roubamos? Vocês me roubaram nos dízimos e nas ofertas que Eu deveria receber. Por isso a terrível maldição de Deus caiu sobre vocês. Toda a nação está me roubando.
Além do dízimo, os hebreus deviam ofertar. Mais ainda, o senhor fez provisões especiais para as necessidades dos pobres.
A cada sete anos, por exemplo, todas as dívidas eram perdoadas e regras especiais governavam as colheitas, de forma que o pobre podia recolher alimento.
No Novo testamento, o dízimo nem é especificamente rejeitado nem recomendado.
Nele, aprendemos a dar na proporção do que temos recebido em bençãos materiais, e as doações sacrificiais são recomendadas.
As Escrituras não são claras com respeito à quantia que devemos dar. Talvez essa falta de clareza seja porque a decisão quanto ao valor que um indivíduo dá deve ser baseado no relacionamento pessoal com Deus. Quando buscamos a direção do Espírito Santo via uma vida ativa de oração, o ato de compartilhar torna-se, de repente, uma atitude edificante.
Qual deve ser o valor de sua contribuição?
Para respondermos essa pergunta, submetamo-nos, em primeiro lugar, a Deus. Busquemos, honestamente, Sua vontade para nós.
Seria interessante que concluíssemos que o dízimo é o mínimo que deveríamos devolver. Então, daríamos o dízimo e uma quantia a mais, conforme Deus nos dirige a nos dar prosperidade.
4- O PADRÃO DA CONTRIBUIÇÃO
Durante sua terceira viagem missionária, Paulo escreveu aos Corintos algo concernente a uma oferta que satisfaria às necessidades dos crentes perseguidos de Jerusalém.
No primeiro dia da semana cada um vos ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não façam coletas quando eu for”(I Coríntios 16.2).Ele prevê instrução prática quanto à contribuição.
Desta forma, temos contribuições: Pessoal, Periódica, Depósito Particular e Premeditado.
4.1- A contribuição deve ser pessoal
A contribuição é privilégio e responsabilidade de todo cristão, jovem ou velho, rico ou pobre. “cada um de vós…” Os benefícios da dádiva são para ser desfrutados por todas as pessoas individualmente.
4.2- A contribuição deve ser periódica
O Senhor adverte que devemos dar com regularidade, “no primeiro dia de cada semana”. Dar com regularidade ajuda-nos a nos aproximarmos de Cristo de forma mais consistente.
A contribuição deve ser de um depósito particular: ponha à parte e vá juntando. Se você tem sentido dificuldade em monitorar o dinheiro que decidiu dar, pense em abrir uma conta separada.
O aspecto mais edificante de separar dinheiro tem sido a emoção de orar para que Deus nos torne conscientes das necessidades e, então, capacite-nos a respondermos a elas.
4.3- A contribuição deve ser premeditada
Para se conhecer a alegria total e colher a benção da dádiva, ela não pode ser feita descuidadamente. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, mas porque Deus ama a quem dá com alegria. (2 Coríntios 9. 7).
Nossa contribuição deve envolver o pensamento, planejamento e oração. No entanto muitos cristãos nunca pensam sobre a contribuição até o momento da coleta.
O exemplo supremo da dádiva premeditada foi estabelecido por nosso Salvador, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz.(Hebreus 12:2)
- PARA QUEM DEVEMOS CONTRIBUIR?
Somos ordenados a compartilhar com três categorias de pessoas.
O receptor e a proporção da contribuição variam de acordo com as necessidades colocadas por Deus no coração de cada cristão.
5.1- Para a família – Em nossa cultura, temos experimentado uma separação trágica nesta área de compartilhar. Os maridos não têm provido as mulheres, os pais têm negligenciado os filhos e filhos adultos têm se esquecido de seus pais idosos.
Tal negligência é fortemente condenada. “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus, e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente.”( 1 Timóteo 5.8)
Satisfazer as necessidades da nossa família e parentes é a primeira prioridade da contribuição, o que não se deve negligenciar.
5.2 Para a igreja local, para os trabalhadores e ministros cristãos
Segundo as páginas, a Bíblia focaliza o apoio ao ministério do Senhor. O sacerdote do Velho Testamento tinha que receber o apoio específico. (Números 18:21). E o apoio ao ministério é forte também no Novo Testamento: “Os pastores que fazem bem o seu trabalho devem ser bem pagos e altamente estimados, de maneira especial aqueles que trabalham arduamente, tanto pregando como ensinando” (1 ªTimóteo: 5:17).
Quantos trabalhadores cristãos têm sido distraídos de seu ministério devido a um salário minguado? Muitos!
As contribuições, com um mínimo de bom senso, seria darmos um mínimo de dez por cento(dízimo) do nosso salário regular para a nossa igreja, porque cremos que essa é uma expressão concreta de nosso compromisso com ela. Mas também ofertamos àqueles que têm exercido influência direta sobre nós. Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui”. (Gálatas:6.6)
5.3- Para o pobre
As estatísticas relatam que um bilhão de pessoas no mundo estão famintas a cada noite. Isso é chocante!
O número é tão grande que podemos nos sentir impotentes quanto ao que fazer. Mas as Escrituras enfatizam com consistência nossa responsabilidade de dar ao pobre e ao desprovido.
Em Mateus 25.34-45, somos confrontados com uma das verdades mais empolgantes e, ao mesmo tempo, mais sérias da Bíblia.
Três áreas das nossas vidas cristãs são afetadas por nossa contribuição ao pobre ou a falta dela:
a) A oração – A omissão em repartir com o pobre pode ser a causa de oração não respondida. “Porventura não é este o jejum que escolhi… que reparta o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desabrigados…” (Isaías 58.6-9)
b) A provisão – Nossa provisão é condicionada à nossa contribuição para com o necessitado. “O que dá ao pobre não terá falta, mas o que dele esconde os seus olhos será cumulado de maldições”(Provérbios. 28. 27-28)
c) O conhecimento mais íntimo de Jesus Cristo
Aquele que não dá ao pobre não conhece o Senhor de forma íntima. Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso tudo lhe sucedeu bem. Porventura não é isso conhecer-me?, diz o SENHOR(Jeremias22.16)
Conclusão: Para a maioria de nós, o problema principal é falhar em reconhecer consistentemente a parte de Deus. Nossa cultura crê que Deus não tem parte alguma nos assuntos financeiros; e nós, de certa forma, somos influenciados por essa visão.
Quando lidamos com dinheiro de maneira bíblica, temos atitudes erradas e, por conseguinte , tomamos decisões financeiras erradas, sem falar nas dolorosas consequências: “O meu povo é destruído porque lhe falta entendimento”. (Oséias 4.6)
Lembre-se: dar é um símbolo de riqueza, enquanto pedir é um símbolo de pobreza.
Questões para reflexão:
1. O que lhe transmite o versículo 16.11 em Lucas com relação à importância de administrar suas posses fielmente?
2. Como nossa maneira de lidar com o dinheiro afeta nosso relacionamento com o Senhor?
3. Comente sobre os desafios que você sentiu depois de ler sobre as vantagens da contribuição;
4. Leia I Cr 29: 11-12 e Sl 135.6 e responda que os mesmos refletem sobre o controle de Deus por meio das circunstâncias?
5. Descreva o princípio encontrado em Lucas 16.10. Como este princípio se aplica à sua situação?
Bibliografia:
Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, 2ª edição, São Paulo, 2001.
COELHO, Isaltino Gomes. Malaquias – Nosso Contemporâneo,- 1ª Edição, Rio de Janeiro, 1988.
DAYTON, Howard. O Seu dinheiro. 1ª edição, São Paulo, 2003.
HOUSEL, Morgan. A Psicologia Financeira. São Paulo, 2021.
PANASSIUK, Andés. A Mulher Próspera. 1ª edição, São Paulo, 2016.