Presidente venezuelano acumula milhões de seguidores na rede social e utiliza plataforma com frequência. Oposição também soma milhões nas contas.
Por Yoanna Stavracas, Ariel Palacios, GloboNews — Buenos Aires e São Paulo
Foto: Reprodução/Twitter
Diante de milhares de militares durante o ato de homenagem aos 87 anos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) do último domingo (04), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que é necessária uma “regulação nacional” das redes sociais, especificamente o TikTok e o Instagram. Maduro disse que as duas redes são responsáveis por instalar o ódio e o fascismo no país.
“Acuso o TikTok e acuso o Instagram de sua responsabilidade na instalação de ódio, para dividir os venezuelanos, para buscar uma matança e uma divisão da Venezuela. Para trazer o facismo à Venezuela. Golpe de Estado ciberfacista e criminal” afirmou.
Alvo de protestos no país, Maduro exibiu vídeos de jovens detidos pelas forças de segurança e visivelmente aterrorizados, e afirmou que os manifestantes são todos “terroristas de extrema direita”, “drogados” e “fascistas”.
O autocrata venezuelano também indicou que os manifestantes “foram treinados no Texas, Peru e Chile”. Maduro disse que os agentes do país já detiveram mais de dois mil civis. Antes das eleições presidenciais deste ano, a Venezuela já acumulava 301 presos políticos.
O procurador-geral da República, o chavista Tarek William Saab, afirmou que as detenções em massa de manifestantes “é algo bom porque depura a sociedade”.
Durante o evento, Nicolás Maduro pediu que o Conselho de Segurança e o Conselho de Defesa da nação deem recomendações do “mais alto nível” sobre a regulação na internet e trouxe novas acusações de uma tentativa de golpe de Estado contra o país, que chamou de “ciberfascista”.
Apesar das críticas, o presidente venezuelano usa com frequência as redes sociais. No TikTok, por exemplo, acumula quase 3 milhões de seguidores. Ele chegou a publicar um trecho do discurso com acusações à plataforma na própria rede social.
Embora também poste conteúdo relacionado à política, o presidente da Venezuela tenta se aproximar dos jovens com vídeos mais inusitados, nos quais aparece dançando salsa, nos braços do povo e comendo churros.
Os opositores de Maduro não ficam para trás. María Corina Machado, nome mais forte da oposição, já ultrapassa os 5,7 milhões de seguidores no TikTok. Ela foi impedida de concorrer pelo Supremo venezuelano, alinhado ao governo de Maduro
Outro nome da oposição que ganhou visibilidade nas redes sociais é Edmundo González, de 74 anos. González saltou de pouco mais de 1 milhão de seguidores na semana anterior à eleição para mais de 2,6 milhões até o momento – chegando perto do total de seguidores Maduro na plataforma. O opositor tem uma postura diferente, no entanto, e prefere postar relatos mais “sérios” para os seguidores. Os vídeos tendem a priorizar assuntos como religião e família.
Todos os candidatos alimentaram as contas nas redes sociais durante toda a campanha eleitoral e durante a votação. Enquanto Maduro ignorou as acusações de fraude, os opositores fizeram postagens convocando protestos e denunciando a falta de transparência após o fechamento das urnas para contagem de votos.
Mesmo enfrentando pressão internacional, o país ainda não divulgou as atas de votação prometidas pelo presidente venezuelano.