Ex-professor e veterano de guerra, governador de Minnesota aplicou políticas progressistas no estado e já estava no cargo quando protestos pela morte de George Floyd eclodiram no local.
Foto de campanha da vice-presdente Kamala Harris ao lado de Tim Walz, governador de Minnesota escolhido para concorrer como vice de Harris, em 6 de agosto de 2024. — Foto: Reprodução
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, escolheu nesta terça-feira (6) o governador de Minnesota, Tim Walz, para ser o vice de sua chapa presidencial nas eleições.
O nome de Walz foi confirmado pela própria Kamala, que se tornou candidata à presidência pelo Partido Democrata após a desistência de Joe Biden da disputa pela sua reeleição.
“Tenho orgulho em anunciar que eu convidei o governador Tim Walz para ser meu parceiro de chapa. Um dos aspectos que me marcou sobre Tim é o fato de que suas convicções em lutar pela classe média são profundas. É uma questão pessoal”, declarou Harris, que também cogitava o nome do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, para o posto.
Após Harris formalizar o convite, Tim Walz respondeu publicamente que está “totalmente dentro”.
“É a maior honra da minha vida me unir a Kamala Harris na campanha”, declarou Tim Walz. “Estou totalmente dentro. A vice-presidente Harris está nos mostrando a política do que é possível. Parece um pouco o primeiro dia na escola”.
Governador de Minnesota, Tim Walz, é escolhido por Kamala Harris para concorrer às eleições como vice-presidente. — Foto: AP Photo/Susan Walsh
O ex-presidente Barack Obama também elogiou a escolha e chamou Walz de “um governador fora do comum”.
“Assim como a vice-presidente Harris, o governador Tim Walz acredita que o governo funciona para nos servir. Não apenas a alguns de nós, mas a todos nós. Isso faz com que ele seja um governador fora do comum, e fará dele um vice-presidente ainda melhor. Michelle (Obama) e eu não poderíamos estar mais felizes por Tim e Gwen (esposa de Walz), sua família e nosso país”.
A ex-primeira-dama Michelle Obama chegou a ser cogitada como substituta do presidente Joe Biden como o nome do Partido Democrata na disputa pela Casa Branca. Uma pesquisa do instituto Ipsos e da agência de notícias Reuters indicou ainda que ela seria a única entre os nomes contados para substituir Biden que venceria o ex-presidente Donald Trump, candidato do Partido Republicano.
Comício com Kamala Harris e Tim Walz
Tim Walz participará de um comício eleitoral com Kamala Harrin a Filadélfia ainda nesta terça (6), segundo confirmou a campanha de Harris.
Cumprindo o segundo mandato à frente do governo de Minnesota, Walz é próximo a sindicatos, já defendeu o direito ao aborto e vem aplicando uma série de políticas progressistas no estado — garantiu refeição gratuita a estudantes escolares, estabeleceu metas para enfrentar as mudanças climáticas e cortou impostos da classe média e defendeu proteção ao direito ao aborto no estado.
Mas o governador, que cresceu em uma fazenda no Nebraska, também é popular entre camadas brancas e rurais de Minnesota e já defendeu posturas mais conservadoras em questões como a posse de armas. Por isso, ao escolher Walz, Harris confirma a busca por votos no centro-oeste e nos chamados estados pêndulos — estados que variam o voto a cada eleição e considerados determinantes para o resultado final.
Apesar de não ser um estado pêndulo, Minnesota está perto de dois deles.
Veterano militar e apoiador sindical, Walz ajudou a promulgar uma ambiciosa agenda democrata em Minnesota, de maioria conservadora.
A formalização da chapa Harris-Walz deve acontecer até esta quarta (7), antes da convenção do partido, que será realizada em Chicago entre 19 a 22 de agosto.
Esse adiantamento acontece porque o dia 7 é o prazo final para garantir que os candidatos apareçam na cédula do estado de Ohio, explicaram autoridades democratas à AP. Com isso, as formalidades estão sendo realizadas de forma on-line.
Kamala oficializada como candidata
O Partido Democrata aprovou nesta sexta-feira (2) a indicação de Kamala Harris para disputar as eleições presidenciais de 5 de novembro contra Donald Trump. A vice-presidente garantiu a maioria dos votos dos delegados na votação online que começou nesta quinta, segundo porta-voz do partido.
Em seu perfil no X, após o anúncio, Kamala agradeceu:
“Estou honrada em ser a candidata democrata para presidente dos Estados Unidos. Aceitarei oficialmente a nomeação na semana que vem. Esta campanha é sobre pessoas se unindo, movidas pelo amor ao país, para lutar pelo melhor que nós somos”.
Mais cedo, a equipe de campanha de Kamala anunciou que, em julho, arrecadou US$ 310 milhões, o equivalente a R$ 1,76 bilhão, o dobro de Donald Trump. A vice-presidente também usou o X para comemorar o apoio que tem recebido através de doações:
“Eu estou honrada em compartilhar que nossa campanha teve o melhor mês de arrecadação de fundos da história. Cada dólar ajuda nossa campanha a alcançar eleitores em todo o país e em nossa luta pela liberdade, oportunidade e a promessa da América”.
Ao fazer o anúncio oficial da escolha de Kamala, o presidente do Comitê Nacional Democrata, Jaime Harrison, ressaltou:
“O fato de podermos dizer hoje, apenas um dia após abrirmos a votação, que a vice-presidente ultrapassou o limite da maioria e será oficialmente nossa indicada na semana que vem, pessoal, é simplesmente extraordinário”.
Segundo a agência de notícias Reuters, Harris adicionou dois ex-assessores de Barack Obama à sua equipe de campanha presidencial: David Plouffe, um estrategista político americano que comandou a bem-sucedida campanha de 2008, e Stephanie Cutter, que atuou como diretora de comunicações da Casa Branca e foi vice-gerente de campanha.
‘Um processo transparente’
Após a desistência do atual presidente, Joe Biden, em seguir na corrida eleitoral, Kamala Harris surgiu rapidamente como a única substituta possível, com o apoio de dirigentes do partido e melhores resultados que Biden nas pesquisas.
A vice-presidente também conseguiu reanimar a base democrata, com efeito imediato em sua campanha de arrecadação de fundos.
A disputa contra Donald Trump nas urnas promete ser difícil, mas os democratas estariam agora, segundo as pesquisas, em melhores condições para enfrentar o magnata, que há poucas semanas era o favorito à Casa Branca.
A menos de 100 dias das eleições, o republicano intensificou seus ataques a Harris, acusando-a de usar o fato de ser negra com motivos eleitorais. Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Harris é a primeira pessoa negra e asiática a se tornar vice-presidente dos Estados Unidos.