Israel afirmou que os termos desta proposta foram amenizados pelo Egito e que não pode aceitar os termos do acordo, segundo a Reuters. Segundo comunicado do Hamas, o chefe do grupo, Ismail Haniyeh, informou ao primeiro-ministro do Catar e ao chefe do departamento de inteligência do Egito que aceita a proposta elaborada pelos dois países.
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Por g1
O grupo terrorista Hamas afirmou nesta segunda-feira (6) que aceitou uma proposta de cessar-fogo elaborada pelo Egito e Catar –os dois países estão intermediando uma negociação de um acordo entre os palestinos e o governo de Israel, que estão em guerra na Faixa de Gaza.
De acordo com a agência Reuters, uma autoridade de Israel afirmou que os termos do acordo foram suavizados pelo Egito e que não pode aceitá-lo.Ele disse que, aparentemente, o Hamas teria aceitado o cessar-fogo para que os israelenses sejam vistos como a parte que se recusa a chegar a um compromisso.
Entretanto, uma autoridade mediadora disse que o acordo de cessar-fogo aceito pelo Hamas é o texto proposto por Israel em 27 de abril, sem grandes mudanças.
A informação de que o Hamas aceitou os termos foi inicialmente divulgada pela rede Al Jazeera, e depois confirmada pela agência de notícias Reuters.
O Hamas afirmou em um comunicado que o chefe do grupo, Ismail Haniyeh, informou ao primeiro-ministro do Catar e ao chefe do departamento de inteligência do Egito que aceitava a proposta elaborada pelos dois países. Ainda não há detalhes do que o acordo prevê .
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês) afirmou que o país está ainda estudando como vai responder, mas que por ora eles vão seguir operando na Faixa de Gaza.
O gabinete de guerra de Israel aprovou de forma unânime na tarde desta segunda para continuar os preparativos para a operação terrestre em Rafah, que incluem a evacuação de palestinos da parte leste da cidade e bombardeios no local, segundo confirmação da IDF.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a proposta está “longe das demandas essenciais de Israel”, mas que mesmo assim enviará negociadores ao Egito para continuar as conversas sobre um acordo de cessar-fogo.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que o país está “examinando” a resposta do Hamas à proposta de cessar-fogo e que a discutirá com aliados no Oriente Médio nas próximas horas.
Miller afirmou ainda que voltou a pedir a Israel que não ataque a cidade de Rafah, último refúgio de mais de um milhão de palestinos que abandonaram suas casas por conta da guerra na Faixa de Gaza.
Os EUA são o maior aliado de Israel e vêm blindando o país comandado por Netanyahu desde o início da guerra, mas o governo americano já avisou diversas vezes que é contra uma investida na cidade sem um plano humanitário para os refugiados.
O que o Hamas já disse sobre a proposta
O vice-líder do Hamas disse que, pela proposta, serão três fases de acordo, cada uma com duração de 42 dias. Ele não deu mais informações, mas, segundo as notícias sobre as negociações nos últimos dias, no texto há uma regra que determina que, a cada etapa, as partes vão decidir se os termos estarão sendo cumpridos. Caso elas verifiquem que o outro lado está respeitando o acordo, passam para a próxima fase.
Taher Al-Nono, uma autoridade do Hamas, afirmou à agência Reuters que o texto prevê cessar-fogo, reconstrução da Faixa de Gaza, retorno das pessoas que tiveram que deixar suas casas e uma troca de prisioneiros palestinos por israelenses sequestrados pelo grupo terrorista que ainda são reféns. O próximo passo seria ir ao Cairo, no Egito, para discutir o acordo.
No fim de semana, alguns representantes do Hamas viajaram ao Cairo, no Egito, para discutir um cessar-fogo na guerra que travam na Faixa de Gaza.
No próprio fim de semana, as partes não chegaram a um acordo de trégua.A agência de notícias Reuters ouviu de um representante dos palestinos que essa rodada de negociações estava “perto do colapso”
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o território israelense, matou 1.200 pessoas e sequestrou cerca de 250 –acredita-se que hoje ainda restam cerca de 130 reféns israelenses levados para a Faixa de Gaza.
Segundo as autoridades de Saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, quase 35 mil palestinos morreram desde então e 77 mil foram feridos.
Israel deu sinais de que vai invadir Rafah
Mais cedo nesta segunda-feira, o Exército de Israel pediu que palestinos comecem a deixar a cidade Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, onde pretende fazer uma incursão por terra. Segundo o Hamas, tropas israelenses fizeram os primeiros bombardeios no leste da cidade, considerada o último refúgio de moradores do território palestino.
Por meio de um comunicado nas redes sociais, Israel pediu que os moradores deixem a região leste de Rafah com destino a Al-Mawasi, uma cidade vizinha, também na Faixa de Gaza, onde Israeldisse ter criado uma zona humanitária com hospitais de campanha, tendas, alimentos e água.
O governo local, controlado pelo Hamas, afirmou que as tropas israelenses fizeram nesta segunda-feira os primeiros bombardeios à cidade, na parte leste. Israel não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Há semanas, as Forças Armadas de Israel vêm preparando a entrada em Rafah, onde Israel afirma que seu último reduto dentro da Faixa de Gaza. No entanto, a cidade, na fronteira com o Egito, é também considerada o último refúgio para palestinos que fugiram de suas cidades no norte, no centro e até no sul do país ao longo da guerra.
Atualmente, cerca de 1,5 milhão de palestinos, mais da metade da população total da Faixa de Gaza, estão na cidade.
A comunidade internacional vem pressionando fortemente Israel para que abandone a ideia de entrar em Rafah. Na semana passada, no entanto, o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, reiterou sua intenção de fazer operações na cidade.
As Forças de Defesa de Israel alegaram que a evacuação que pediram nesta segunda tem “escopo limitado”. A ideia, segundo o Exército israelense, é que 100 mil pessoas localizadas no leste se desloquem.
Segundo o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, a ação militar no local seria necessária devido à recusa do Hamas em libertar reféns como parte das propostas para um cessar-fogo em Gaza.