Mais de 20 empresas brasileiras participam do experimento que propõe a redução do expediente, mas sem afetar o salário. Melhoria da produtividade, comportamento e redução de estresse são alguns dos benefícios citados por elas.
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Por Rafaela Zem, Júlia Nunes, g1
Uma semana formada por quatro dias de trabalho e três de folga. Essa é a realidade para 21 empresas brasileiras que participam de um experimento que dá aos trabalhadores o direito de atuarem com a carga horária reduzida, mas ganhando o mesmo salário.
Foram três meses de preparação até o estudo entrar para a fase de testes, que começou em janeiro deste ano. De lá para cá, melhorias no comportamento e na produtividade dos funcionários são algumas das primeiras impressões das empresas participantes (Confira o resultado da pesquisa abaixo).
O projeto piloto foi desenvolvido pela “4 Day Week Brazil”, em parceria no Brasil da “4 Day Week Global”, uma organização sem fins lucrativos que faz pesquisas sobre trabalho ao redor do mundo. A iniciativa começou em 2019, na Nova Zelândia, e ganhou força na pandemia.
No Brasil, 22 empresas e cerca de 280 colaboradores iniciaram o piloto. No entanto, uma das organizações acabou desistindo após um mês do piloto.
👩💻 Impacto no trabalho, bem-estar, saúde e social
Após três meses de testes, a pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o Boston College, analisou como tem sido a nova jornada de trabalho.
O balanço parcial constatou que 61,5% das companhias notaram avanço na execução de projetos. E em 58,5%, se obteve mais criatividade na realização das atividades.
As melhorias também foram sentidas fora do ambiente de trabalho. Cerca de 58% dos funcionários beneficiados afirmam que passaram a conciliar melhor a vida pessoal e a profissional após o projeto.
A pesquisa revelou ainda um aumento de78% na disposição para momentos de lazer e redução. Além disso, 50% reduziram os sintomas de insônia; 62,7%, o estresse no trabalho, enquanto 64,9% não se sentem desgastados no final do dia. Outros 56,5% não estão frustrados como antigamente.
Vale destacar que, para a conclusão deste primeiro relatório, foram coletadas 205 respostas durante o mês de abril, o que representa que 71% dos participantes responderam ao questionário
🚶♀️Próximos passos
O fim da fase de testes está previsto para acontecer em junho. Ao longo deste período, outros dois relatórios serão produzidospela “4 Day Week Brazil”.
Os dados obtidos após o término do piloto serão considerados como os dados oficiais da “semana de 4 dias no Brasil”, com o lançamento de um relatório conclusivo e abrangente que detalhará o desempenho e os resultados alcançado
🗣️ O que diz quem passa pelo teste?
O Hospital Indianópolis ingressou no projeto com seus funcionários da área administrativa e decidiu começar a redução de jornada há mais de seis meses, bem antes das demais empresas do projeto.
Em fevereiro, o diretor Eduardo Hagiwara afirmou ao g1 ter percebido algumas mudanças.
“As faltas e atrasos realmente melhoram bastante porque a pessoa consegue se organizar melhor. É claro que se ocorrer um acidente, tudo bem, mas as ausências sem justificativa diminuíram”, contou.
Para Simone Cyrineu, diretora da produtora de vídeo Thanks for Sharing, outra empresa participante do projeto, a ideia é justamente essa: que o dia de folga seja usado para descanso, hobbies e projetos pessoais, mas também para resolver pendências pessoais.