Ministro da Justiça deverá se reunir com responsáveis pelas buscas no Rio Grande do Norte. Mais de 300 agente têm atuado na operação, que entrou em seu quarto dia neste sábado (17).
Por Fábio Amato, TV Globo e g1 — Brasília
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, embarcará neste domingo (18) para Mossoró (Rio Grande do Norte) a fim de acompanhar as investigações da fuga de dois detentos da penitenciária federal de segurança máxima do estado. A informação foi divulgada pela pasta neste sábado (17).
A fuga aconteceu na última quarta (14) e foi a primeira registrada desde a fundação do sistema penitenciário federal, em 2006. As buscas por Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça — ligados à facção criminosa Comando Vermelho — entraram no quarto dia neste sábado.
Mais de 300 agentes de segurança de forças estaduais e federais têm atuado na operação, que se concentram em um perímetro de 15 quilômetros em torno do presídio.
Segundo o Ministério da Justiça, na viagem, Lewandowski deverá se reunir com responsáveis pelas equipes da operação.
O ministro da Justiça será acompanhado do diretor-geral em exercício da Polícia Federal, Gustavo Souza. O secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, também deverá acompanhar as agendas.
Na última quinta (15), em entrevista à imprensa, o ministro afirmou que a recaptura dos criminosos era uma prioridade da pasta. Ricardo Lewandowski classificou a fuga como um “episódio fortuito” e disse que o ministério trabalharia para apurar eventual falha administrativa ou omissão.
Segundo Lewandowski, uma série de medidas foram tomadas desde a fuga na Penitenciária Federal de Mossoró. Além da troca da direção do presídio, estão nesta lista:
- Revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais
- Acionamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para monitoramento das rodovias em busca dos fugitivos
- Determinação para que a Polícia Federal inclua os nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol. Também ordenou a inclusão dos nomes no Sistema de Proteção de Fronteiras. O objetivo é que as buscas possam ser feitas também pela comunidade policial internacional
- Atuação das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado, que unem as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborar com a busca pelos presos
- Abertura de investigações por parte da Polícia Federal. Envio de uma equipe de peritos da corporação ao local, para apurar responsabilidades e atuar na recaptura dos dois fugitivos
- Ida do secretário André Garcia a Mossoró. Ele estará acompanhado de uma equipe de seis servidores. O objetivo é investigar no local as causas da fuga e avaliar quais ações administrativas podem ser tomadas
“Os presídios federais são absolutamente seguros. Todos podem continuar confiando nesse sistema”, declarou.
Buscas
Os dois presos fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró na última quarta (14). Eles foram foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, também conhecido como “Tatu” ou “Deisinho”.
Eles são do Acre e estavam na penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Os dois homens têm ligações com o Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar — preso na mesma unidade — e foram transferidos para o presídio federal de Mossoró após se envolverem em uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco.
Os nomes dos fugitivos passaram a constar na lista vermelha da Interpolna última sexta (16). A lista é utilizada para cooperação entre as polícias de diferentes países quando criminosos perigosos conseguem fugir das nações onde são procurados.
Segundo a investigação, os fugitivos de Mossoró invadiram uma casa na zona rural na noite de sexta-feira (16), fizeram uma família refém e roubaram dois celulares. A casa fica a cerca de 3 quilômetros da Penitenciária Federal de Mossoró, na comunidade de Riacho Grande.
Antes, na quarta, a polícia registrou a invasão de outra casa na zona rural de Mossoró, a cerca de 7 km da penitenciária. Objetos pessoais como camiseta e uma colcha de cama foram furtados.
A polícia foi acionada e fez buscas na área. A Polícia Federal recolheu material biológico. As amostras encontradas serão confrontadas com informações genéticas dos fugitivos.
Buscas por fugitivos de presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) — Foto: Arte g1
Buraco usado para fuga
Uma imagem do presídio federal de segurança máxima de Mossoró mostra um buraco na parede da cela de um dos dois presos que fugiram da unidade na madrugada da quarta-feira (14).
Buraco na parede da cela de onde saíram fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró — Foto: Divulgação
Pistas
Na quarta-feira (14) – mesmo dia da fuga – uma casa foi invadida na zona rural de Mossoró, a cerca de 7 km da penitenciária. Objetos pessoais como camiseta e uma colcha de cama foram furtados.
A polícia foi acionada e fez buscas na área. Na quinta-feira objetos foram encontrados em uma área de mata. Um dos moradores da região confirmou aos investigadores que, entre os itens, estava uma colcha de cama furtada de sua casa.
A Polícia Federal recolheu material biológico desta casa. As amostras encontradas serão confrontadas com informações genéticas dos fugitivos.
Já na sexta-feira (16), com a ajuda de cães farejadores, uma camiseta de uniforme de presidiário foi encontrada na mata.
Camiseta de uniforme de presidiário encontrada durante as buscas pelos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró — Foto: Divulgação