Investigação da PF apontou que Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da agência, continuava com um notebook e um celular da Abin. Cenário discutido prevê demissão do atual diretor-geral, Luiz Fernando Correa, e do diretor Alessandro Moretti.
Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília, nesta sexta-feira, 20. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Por Andréia Sadi/g1
O governo Lula avalia a demissão da cúpula da Abin após o avanço das investigações da Polícia Federal apontando que haveria um conluio da atual gestão para blindar investigados por participação em um esquema de espionagem ilegal, a chamada “Abin Paralela”.
Segundo o blog apurou, investigadores da PF têm classificado a permanência de integrantes do comando da agência como “insustentável”. Há uma ala que defende, inclusive, a demissão do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor Alessandro Moretti
Nesta quinta-feira (25), agentes apreenderam quatro computadores, seis celulares e 20 pen drives em endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da agência no governo Bolsonaro. A TV Globo apurou que, entre os objetos apreendidos, há um notebook e um celular da Abin.
Corrêa goza da confiança de Rui Costa, ministro da Casa Civil, a quem cabe bater o martelo sobre as demissões.
Vale lembrar, também, que a nomeação de Alessandro Moretti, ex-número 2 de Anderson Torres, abriu uma verdadeira guerra nos bastidores do governo.
O blog procurou a Abin nesta quinta-feira (25) e pediu uma entrevista com Corrêa para comentar os fatos revelados pela operação, mas a Abin informou que não seria possível.
Crise na Abin
Na decisão que autorizou a operação da PF desta quinta-feira (25), o ministro do STF Alexandre de Moraes afirma que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre autoridades espionadas estavam a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.
Apurações da PF apontam que a Abin teria sido “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente uma série de autoridades e pessoas envolvidas em investigações, e também desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O uso indevido da Abin teria ocorrido quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado de Bolsonaro que, atualmente, é deputado federal. Ramagem foi alvo de uma operação da PF nesta quinta-feira.