Ilustração/Reprodução Google
Miguel Lucena
Os chamados especialistas falam para uma minoria privilegiada. Até os que tratam de problemas mentais.
Ensinam como respirar melhor, evitar situações estressantes, meditar, ingerir comidas leves, beber uma tacinha de não sei o quê.
A maioria das pessoas se acorda vexada, toma um gole de café, quando tem pó, enrola uma boia fria num pano e corre para o ponto de ônibus. Já chega no trabalho se borrando, faz as necessidades às pressas para o fiscal não reclamar e encara uma jornada de trabalho lascada para ganhar salário mínimo e vale-transporte.
Quando volta para casa, num ônibus superlotado, gente bufando e discutindo, toma uma sopa de macarrão grosso com feijão, quando tem, e se obriga a ouvir um vizinho tocando louvor e o outro pagode ou paredão.
Repete tudo no outro dia, sem nenhuma esperança de melhora.
No fim de semana, enfia a cara na cachaça, para esquecer os fracassos, e acaba caindo na Lei Maria da Penha.
E os especialistas ensinando como respirar melhor e fugir do estresse.