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Meu irmão caçula, que botei nos braços quando pequeno, vai se aposentar neste setembro chegante. Miguel Lucena Filho, a quem chamamos de Miguelzinho, amadureceu e eu nem notei. Nem eu, nem os outros irmãos. Para nós continua sendo o caçula do Véi Migué Fotroga e de Dona Nila, o “mais menor” dos 9 que mamãe botou no mundo e o único, depois de Galego, que se destacou no futebol como bom goleiro.
Não que ele tenha passado dos outros no quesito idade. É mais novo do que eu, do que Bibiu, do que Nininha, do que Dorinha, do que Zé, do que Carlinhos e do que Galego. Só perde para Neci, a ponta de rama como chamava papai.
É certo que foi privilegiado, ao lado da irmã mais nova, já que botou a cara no mundo pelas mãos do médico Doutor Severiano. Nós outros fomos tirados do bucho de mãe pelas parteiras Mãe Filó e Mãe Preta. Deve ser por isso que nasceu e cresceu luxento, querendo ser as pregas do Véi Quelé.
Menino talentoso, desde batintope enchia as vistas dos vizinhos do Cancão com suas poesias bem rimadas. Certa vez assistia a uma cantoria de Otacílio Batista e Oliveira de Panelas, no Instituto Frei Anastácio, sentado no chão da primeira fila. Otacílio notou que o menino estava com os ovinhos aparecendo pela perna da calça curta e emendou um verso falando daquilo. Miguel subiu ao palco e respondeu improvisando. Foi um sucesso.
Com a morte de pai, ele e os outros vieram pra João Pessoa. Aqui estudou e se formou em Direito. Como estudante e jornalista conheceu o mundo. Foi bater em Cuba, onde, com o colega Peninha, foi depenado por uma bela cubana. Os dois foram amar as cubanas, as cubanas botaram um remédio na bebida e fugiram com os “dólares da dupla”. Uma delas ainda escreveu pra Miguelzinho: “Miguele, para não me olvidares”.
Voltaram à Pátria amada porque na excursão estavam os conterrâneos Cicero Lucena e Gilvan Freire, que passaram o chapéu, coletaram os reais e ressarciram os dois do prejuízo.
Foi morar em Brasília, onde assumiu o posto de delegado de Polícia, aprovado em concurso público. Como delegado foi chefe do setor de comunicações, diretor de vários departamentos e titular de várias delegacias.
Agora se aposenta e pretende tocar projetos nas áreas de segurança e comunicação social.
Chique todo!
Por Tião Lucena (Blogtiaolucena)