Ex-presidente disse que pela, primeira vez, há um movimento para inserir a mulher na política brasileira
Foto: Agência Brasil
CONSTANÇA REZENDE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro discursaram em um evento voltado para mulheres do partido neste sábado (1º), em Brasília, na mesma semana em que optaram em ficar em silêncio diante da Polícia Federal no inquérito das joias.
Bolsonaro não fez referências sobre as investigações em seu discurso de cerca de cinco minutos e optou a exaltar o trabalho de sua esposa na sigla.
Ele disse que, “pela primeira vez, há um movimento no Brasil para de fato inserir a mulher na política brasileira e assim fazer que ela realmente dê um norte verdadeiro para o país”.
“As mulheres têm um sentimento muito mais aguçado do que o nosso. Nós homens, por vezes, somos muito imediatistas. Vocês são mais perseverantes e pensam bem mais a longo prazo. O que tem sido feito pelo PL, tendo à frente no âmbito nacional a senhora Michelle, mostra isso. Nós precisamos de vocês, dessa concentração, dessa vontade de mudar”, disse.
Ele também afirmou que faltam políticos com corações verde e amarelo “para movimentar essa massa e colocar o Brasil no lugar de destaque que merece”, que deu “tudo de si” nos quatro anos de mandato e que o ano passado “é página virada”.
“Acredito que, ao longo dos últimos quatro anos juntos, nós plantamos ideias e ideais para o nosso país. Se o mundo está preocupado conosco, é porque temos coisas boas”, afirmou.
Já Michelle afirmou que “estão querendo apagar o legado” do que fizeram no governo e pediu para que “estejam atentos a mentiras”.
“Não aceitem o retrocesso desse desgoverno. Nós trabalhamos com a verdade e com a Justiça”, afirmou.
No último dia 26, Michelle ironizou, num evento do PL Mulheres em Pernambuco, que de tanto ser questionada, vai lançar uma linha de produtos chamada “Mijoias”. A declaração causou desconforto em integrantes do partido.
Ela também afirmou, na ocasião, que a investigação da PF sobre o suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas como presentes oficiais ao ex-presidente serve para desviar o foco da CPI dos atos de 8 de janeiro.
Intimados para comparecerem à PF nesta quinta (31), o casal usou o argumento na data, por meio de seus advogados, de que a PGR (Procuradoria-Geral da República) não reconhece a competência do STF (Supremo Tribunal Federal) e do ministro Alexandre de Moraes para o caso.
A procuradoria, sob Augusto Aras, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o envio do inquérito das milícias digitais, em que está a investigação do suposto esquema de venda, recompra e devolução de joias recebidas por Bolsonaro, à primeira instância o que a tiraria da relatoria de Alexandre de Moraes.
Desde 2020, quando a apuração se aproximou do círculo mais próximo do ex-presidente, a PGR tenta arquivá-lo. A partir do início do governo Lula (PT), mudou levemente de postura, apoiando a investigação sobre fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro, mas mantendo o pedido de envio do caso das joias à Justiça de Guarulhos (SP), feito neste mês. (JBr)