Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras
A ativista Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz de 2014, voltou ao Brasil, onde se sente muito bem. Falou para milhares de interessados: “A escola não deveria ser um espaço de medo. As pessoas deveriam se sentir protegidas quando vão para a escola e voltam para suas casas.” Seria tão bom se isso fosse uma realidade, quando se sai da teoria para a prática.
Malala tem opinião firmada sobre a internet: “Todos estão expostos à desinformação na internet, e isso é um grande problema, porque pode enganar as pessoas e levá-las a coisas terríveis. É importante que todos tenhamos responsabilidade nessas ferramentas, do diretor das plataformas aos seus usuários.” A sua palestra no Rio de Janeiro foi muito apreciada.
Sua tese fundamental é de que o Brasil precisa de educação digital nas escolas. No livro “Eu sou Malala”, lançado em 2013, a escritora paquistanesa, graduada em Filosofia Política e Economia pela Universidade de Oxford, afirma que as redes sociais são plataformas poderosas para atingir jovens. No seu Instituto jovens de mais de 100 países compartilham suas histórias. Falam sobre mudanças climáticas, saúde reprodutiva e segurança nas escolas. Discutem como se tornar agentes da mudança necessária.
“Temos que nos preocupar com a existência de mais de 130 milhões de meninas fora da escola. Como utilizar a internet para corrigir isso?” – pergunta ela.
Malala criticou a desinformação na Internet. “Devemos ensinar as pessoas sobre o funcionamento da tecnologia, das plataformas e dos algoritmos. Assim, os jovens não vão mais acreditar em informações falsas. “Espero convencer especialmente as meninas a respeito desses novos tempos. Quero fazer a conexão entre suas vozes e as vozes dos líderes.” – disse ela.
A preocupação do Malala Fund se volta especialmente para as meninas negras, indígenas e quilombolas. Há ênfase nos seus direitos e na educação igualitária e segura para todos.
Quando esteve aqui, a líder paquistanesa afirmou que o Brasil tem chance extraordinária de liderar esse processo, e ela quer ajudar no que couber. Vai enfatizar isso no seu novo livro de memórias.