Os professores da rede pública iniciaram na quinta-feira (4/5) uma paralisação que cobra a reestruturação da carreira da categoria
Breno Esaki/Metrópoles
Pelo segundo dia consecutivo, diversas escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal amanheceram com os portões fechados nesta sexta-feira (5/5). O movimento grevista não tem data para terminar.
Os professores da rede pública iniciaram, na quinta-feira (4/5), uma paralisação que cobra a reestruturação da carreira da categoria. A greve foi decidida após os docentes não entrarem em acordo com o governo do DF (GDF).
Apesar de reajuste de 18%, professores decidem manter greve
O Metrópoles esteve em algumas escolas nesta manhã para verificar a situação e encontrou diferentes cenários.
Em algumas unidades, a adesão ocorre de forma parcial e há escolas funcionando normalmente. Em outros colégios públicos as portas estão fechadas para o acesso de crianças e adolescentes.
No Centro de Ensino Médio Escola Industrial de Taguatinga (Cemeit), uma servidora da educação informou que a escola abrirá para os professores e alunos que chegarem para as atividades. Por volta das 7h, no entanto, não havia movimentação em frente à unidade de ensino.
A Escola Classe (EC) 01 de Taguatinga, que atende crianças da 1° à 5° série, funciona normalmente. Funcionários da escola disseram à reportagem que os docentes da unidade estão trabalhando nos dois turnos.
Angra Costa do Monte, 36 anos, é mãe de um aluno do 5° ano e levou o filho de 10 anos à escola nesta manhã. “Aqui, eles nunca param. Informaram que iriam trabalhar normalmente e, desde ontem, as crianças estão vindo. Sem dúvidas, é muito bom para os nossos filhos. Não sou contra as reivindicações dos professores. Mas sabemos que a greve prejudica o todo”, comentou.
Na EQNL 5/7, no Centro de Ensino Fundamental de Taguatinga (CEF) 4, os portões amanheceram trancados. Durante o período em que a reportagem permaneceu no local, mas nenhum professor pai ou responsável chegou ao local para acessar a escola.
Na QNJ, das duas unidades de ensino que ficam lado a lado, o Centro de Educação Infantil (CEI) 10 amanheceu aberto, enquanto o Centro de Ensino Médio (CEM) 05 seguiu fechado. Uma mãe que preferiu não ter o nome divulgado informou à reportagem que os professores do CEI 1 não aderiram à paralisação. “Estão trabalhando desde ontem. Não vão parar”, disse a mulher.
Judicialização
O governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou, na quinta-feira, que a Procuradoria-Geral do DF (PGDF) entre na Justiça contra a greve dos professores. A ação foi apresentada no mesmo dia, cobrando o fim do movimento paradista com aplicação de multa diária de R$ 300 mil, em caso de descumprimento.
A ação solicita a declaração de ilegalidade da greve e o imediato retorno dos educadores para as salas de aula. Mesmo no caso de reconhecimento de legalidade do movimento, a peça pede a antecipação de tutela para a imposição da manutenção de 100% dos professores nas escolas.
A Secretaria de Educação afirmou que ainda faz a mensuração das escolas afetadas no primeiro dia de paralisação. “O GDF aguarda que o bom senso prevaleça e que os professores voltem à mesa de negociação”, afirmou o Palácio do Buriti. O governo não informou qual seria o impacto financeiro dos pedidos dos educadores. Também não sinalizou uma eventual contraproposta.
Professores
Apesar de também ser contemplada pelo aumento de 18%, dividido em três parcelas anuais de 6%, a categoria diz que a recomposição salarial é insuficiente. O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) também cobra melhores condições de ensino, mais escolas e a incorporação de gratificações ao salário.