Dra. Jane Klebia, deputada distrital. Foto: Reprodução
Maria José Rocha Lima[1]
A deputada distrital Doutora Jane (Agir) foi designada como secretária da Comissão da Mulher da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale). Atualmente, a Unale é a única entidade com reconhecimento legítimo perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) de representação dos 10.59 deputados estaduais e das 27 Casas Legislativas do Brasil.
A designação da Dra Jane para a secretaria da Comissão da Mulher da UNALE é emblemática, justa e adequada. Ela é uma mulher de garra, uma mulher desassombrada, uma mulher sem medo do poder.
Mulheres como a doutora Jane, que experimentaram os desafios para estudar, trabalhar e vencer a pobreza, o racismo e as intolerâncias correlatas, já descobriram que a mulher não precisa de força física, não precisa de músculos, embora estes não lhes faltem, para enfrentar situações de violência e opressão. Aplicada nos estudos, ela descobriu, muito cedo, que na Era da Ciência e da Tecnologia o que vale, mesmo, são o cérebro, o autocontrole, a humildade, a autenticidade e o humor, e este eu ainda não o reconhecia nela.
Jane Klébia é daquelas que descobriram que a prática do poder político é essencial para a mulher, embora seja um calvário, do contrário não teríamos apenas 17% de mulheres na Câmara Dos Deputados e 12,3% no Senado Federal.
Descobri que na política as mulheres podem se realizar em sua plenitude. Em geral, as mulheres que chegam a esses espaços de poder já passaram por testes violentos de opressão, discriminações e assédios. São mulheres “escoladas”. Estão mais aptas para lidar com as emoções, apresentam mais autocontrole, são capazes de gestos mais cuidadosos, frente às tensões; são mais detalhistas – quantas oportunidades são perdidas por despreocupação dos homens com questões que parecem pequenas e banais?-. As mulheres parecem mais perspicazes, parecem pensar em coisas pequenas, mas ledo engano: têm olhos de águias, segundo alguns pesquisadores sobre as virtudes e forças de caráter. Nestes contextos políticos, as forças de caráter são grandes aliadas e potencializam os recursos psíquicos mais íntimos.
Em 2015, a doutora Jane era Administradora Regional de Sobradinho e me recebeu para discutir um projeto que seria aplicado pela primeira vez em Brasília, por uma entidade recém – criada, que possivelmente outro gestor pouco daria por ele: O projeto Curta Maria – Por um mundo sem violência contra mulheres e meninas. Cuidou com toda a atenção que se daria a “uma grande obra.” O projeto foi um sucesso, reuniu inicialmente mais de 400 alunos em Sobradinho I e II, distribuiu prêmios valiosos para os alunos e prosperou. Atualmente já alcançou 2.500 estudantes diretamente, milhares de pessoas nas comunidades escolares e centenas de milhares no Distrito Federal e país a fora.
Hoje, o Curta Maria é um projeto super – reconhecido: apresentado nos Estados Unidos por um Jovem Embaixador; constou nas páginas do Banco Mundial; da Fundação Banco do Brasil; Revista Isto É, Agência Brasil, Correio Braziliense, Canais de Televisão, como SBT, Rede Globo e TV Record. Foi homenageado pela Casa da Mulher Brasileira, abriu os 16 Dias de Ativismo da ONU Mulher na Câmara dos Deputados e foi destacado na Pauta Feminina do Senado Federal e transmitido pela TV Senado para todo o País. Tudo isso sem falar na sua extrema competência como Delegada, tendo criado espaço apropriado para acolhimento de mulheres, a sua prontidão no atendimento e cuidado com mulheres vítimas de violência. Em 100 dias de mandato, criou a Comissão de Enfrentamento do Feminicídio e três projetos em defesa dos direitos da mulher, um deles inclui o enfrentamento da violência e a promoção da paz nos lares, como tema transversal dos currículos.
Parabenizamos e agradecemos à UNALE pela escolha da deputada doutora Jane Klébia, que na Secretaria da Mulher terá a rara oportunidade de contribuir para que a entidade realize a sua missão de defesa dos interesses estaduais coletivos; divulgar as ações legislativas, buscar parcerias junto à organismos nacionais e internacionais, difundindo a importância do legislativo estadual no sistema democrático e promovendo o debate de grandes temas de interesse do país.
E nós, que atuamos na academia e nas entidades pelas causas das mulheres, agradecemos a UNALE, na certeza que assuntos como empoderamento feminino, igualdade de gênero, violência contra a mulher e saúde feminina estarão entre as principais discussões da comissão. Parabenizamos as demais integrantes da Comissão da Mulher, a deputada Camila Toscano (PB), deputada Delegada Gleide Angelo (PE) e a deputada Alessandra Campelo (AM).
[1] Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela UFBA e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É diretora na Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise. – ABEPP-. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. É da Organization Soroptimist International- SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança.