Conforme apuração do Correio, comandantes vão tentar convencer Lula a não agir de forma intempestiva contra os bolsonaristas acampados na frente de unidades militares espalhadas pelo país
O terceiro motivo é a presença de militares da reserva e parentes de militares da ativa nos acampamentos. Uma ação de força contra os bolsonaristas provocaria constrangimentos para quem está dentro dos quartéis.
Na reunião com Lula, os quatro militares asseguraram que os atuais comandantes, nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro, vão aguardar a posse para promover a troca de bastão em suas Armas, mantendo a tradição.
O atual comandante da Força Aérea, Carlos Almeida Baptista Junior, que havia declarado a intenção de deixar o cargo já na semana que vem, foi convencido pelos colegas a permanecer para garantir uma transição tranquila.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se, ontem, pela primeira vez, com os quatro comandantes militares que deverão chefiar as Forças Armadas a partir de janeiro. O encontro, no hotel em que o petista está hospedado, em Brasília, foi articulado pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Ele defende a decisão de nomear os oficiais mais antigos para os altos cargos de comando, como reza a tradição da caserna. Um dos temas foi o problema que os acampamentos bolsonaristas nas portas de quartéis está criando tanto para as Armas quanto para a segurança pública dos estados.
O comando do Exército ficará com o general Julio Cesar de Arruda, atualmente na chefia do Departamento de Engenharia e Construção; na Marinha, assumirá o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, atual comandante de Operações Navais; na Força Aérea, o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica; e o almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do Estado-Maior da Marinha, será o novo comandante do Estado-Maior das Forças Armadas. Todos só aguardam o anúncio formal do presidente eleito. Por isso, os quatro foram ao encontro de Lula em trajes civis.
Conforme apuração do Correio, os novos comandantes, que já conversaram com militares de alta patente de suas respectivas Forças, vão tentar convencer Lula a não agir de forma intempestiva contra os bolsonaristas que acampam, há mais de dois meses, na frente de unidades militares espalhadas pelo país. O assunto foi tratado de maneira superficial no encontro, que durou pouco mais de uma hora.
Pelo menos três motivos foram apresentados para que a nova gestão não opte pelo enfrentamento. Primeiro, há o risco de confronto violento com os manifestantes, o que provocaria uma grave crise de imagem para um governo que prega a pacificação nacional.
Desidratação
Com relação aos extremistas, argumentam que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, com suporte do Supremo Tribunal Federal, já estão identificando as lideranças para que possam ser processadas. Além disso, militares ouvidos pela reportagem lembram que as fontes de financiamento dos movimentos golpistas estão secando por causa da atuação do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news. Os acampamentos já estariam, segundo essa avaliação, se desidratando.
O terceiro motivo é a presença de militares da reserva e parentes de militares da ativa nos acampamentos. Uma ação de força contra os bolsonaristas provocaria constrangimentos para quem está dentro dos quartéis.
Na reunião com Lula, os quatro militares asseguraram que os atuais comandantes, nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro, vão aguardar a posse para promover a troca de bastão em suas Armas, mantendo a tradição.
O atual comandante da Força Aérea, Carlos Almeida Baptista Junior, que havia declarado a intenção de deixar o cargo já na semana que vem, foi convencido pelos colegas a permanecer para garantir uma transição tranquila.
Com informações do Correio*