Wanderley de Abreu Junior, do Storm Group, diz que meta é captar montante entre US$ 10 e US$ 100 milhões em duas semanas
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Wanderley de Abreu, um general da reserva, bateu na porta do quarto do filho e perguntou: “Junior, uma mulher chamada Kathleen Jackson está dizendo que um Wanderley de Abreu invadiu um computador da NASA. Isso é verdade?” Do quarto, a voz ainda sonolenta de um jovem de 17 anos devolveu: “Sim, pai, fui eu.”
Isso aconteceu em 1999. Mas Wanderley de Abreu Junior, ex-hacker conhecido pelo codinome Storm, mudou de vida. Tornou-se um empresário e, hoje, sexta-feira (11/11), lança em Nova York um novo empreendimento. Trata-se de um ICO (Initial Coin Offering). Na prática, o ICO está para o universo dos bits e bytes como o IPO (Initial Public Offering), que marca a estreia de uma empresa na Bolsa de Valores, está para o mundo de átomos.
O ICO, porém, tem peculiaridades. Começa hoje e estende-se por duas semanas. “O objetivo é captar entre US$ 10 e US$ 100 milhões em ativos digitais, para serem usados na plataforma de games matcht.io”, diz Abreu Junior. O sistema permite que as pessoas disputem jogos de todos os tipos, como League of Legends, FIFA Soccer e Counter Strike, e apostem entre si. “Elas podem trocar os criptoativos por prêmios, ou mesmo, por dinheiro”, afirma. “Usamos um programa de inteligência artificial para validar os resultados das partidas.”
Abreu Junior, diretor executivo do Storm Group, uma desenvolvedora de softwares que trabalha para organizações como a NASA e a Agência Espacial Europeia, observa que a amplitude do valor do ICO é resultado da atual volatilidade dos criptoativos. “Por isso, a gente nunca sabe quando pode arrecadar”, afirma. “Queremos captar no mínimo de US$ 10 milhões.”
O lançamento do ativo digital, chamado $Match, está sendo conduzido pela empresa americana Crowd Create, daí o processo ocorrer em Nova York. Quanto à história do ex-hacker, ele é narrada no livro “Storm”, do jornalista Alessandro Greco.