No vocabulário do Brasil, nem todas as palavras possuem origens do latim ou grego; confira!
O português é considerado um dos idiomas mais complicados de se aprender pelo mundo, visto a grande quantidade de regras de coesão e concordância de frases, e até mesmo o grande número de palavras que nosso dicionário possui, com várias — e pequenas — variações a partir de uma única palavra.
A língua portuguesa é um dos vários idiomas que têm sua origem no latim — assim como o francês e o espanhol, e outros influenciados por estes —, considerando-se toda a expansão e área dominada pelo Império Romanono passado. Por isso, vários termos de nossos dicionários possuem bases etimológicas — etimologia é um campo da linguística que estuda a origem das palavras — do latim ou até mesmo do grego, tendo sido os gregos dominados pelos romanos.
No entanto, como a linguagem está em constante transformação, de forma que até mesmo a tecnologia e globalização implicou na criação de novos termos, alguns termos advindos do inglês — idioma de origem anglo-saxã —, ou até mesmo relativos a figuras muito conhecidas se disseminam e chegam a vários continentes. Este é o caso, por exemplo, da palavra ‘boicote’.
O ‘Boycott’
A palavra ‘boicote’ é consideravelmente recente no dialeto português-brasileiro, tendo desembarcado em nosso idioma somente nos primeiros anos do século XX. Sua origem vem do inglês ‘boycott’, sendo, curiosamente, derivado de um nome próprio: Charles Cunningham Boycott.
O termo nasceu no jornal Times, de Londres, por volta de 1880, durante uma cobertura de um intenso conflito político-trabalhista que envolvia o próprio Charles Boycott — que viveu de 1832 a 1897. Ele era, no entanto, um capitão inglês reformado que administrava com grande autoritarismo as terras de um nobre na Irlanda, como informado pela Veja.
Porém, como já mencionado, o período foi fortemente marcado por numerosos e violentos conflitos de classe, o que fez com que a Irish Land League, o sindicato dos trabalhadores rurais, o descrevessem como um tirano. Com isso, logo os trabalhadores rurais começaram a ‘dar um gelo’ em Boycott, que veio a ser o primeiro boicotado oficialmente.
Rapidamente, o movimento se alastrou por toda a região, até o ponto em que nenhum irlandês vendia mais nada, nem mesmo prestava serviços — o que inclui até mesmo os carteiros —, para Charles Boycott.
Eventualmente, a colheita nas terras do odiado capitão foi feita, mas somente após um atraso que veio a lhe causar grandes danos financeiros. Com isso, apenas alguns meses depois, o odiado — e boicotado — Boycott deixou a Irlanda, e acabou por entrar em vários dicionários pelo mundo.
Fonte: AH-AVENTURAS NA HISTÓRIA/UOL