Maria José Rocha Lima
Brincadeiras, músicas, guloseimas, muita alegria e o sorriso das crianças e das pessoas que ajudaram e fizeram a Festa das Crianças na Associação de Apoio à Comunidade de Ceilândia (Acac), liderada por Tia Joana D’arc, na QNN 17, Ceilândia/DF. A ACAC atua há quatro décadas, levando esperança às crianças, aos jovens e aos adultos de uma das áreas vulneráveis do Distrito Federal.
Na festa, as crianças, felizes, corriam de um lado para o outro, indo ao pula – pula, à piscina de bolinhas, para os jogos de mesa, para receber os gostosos lanches, doces e brinquedos lindamente embalados. Impressionante a tranquilidade com que esperavam na fila para a maquiagem infantil. Dali, saíam vaidosas com as pinturas de animais, unicórnios, homem aranha, com manchinhas nos olhos, no nariz, boca, bochecha e muita inspiração no mundo gelado de Frozen.
Tudo como recomenda o médico pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971), que estudou, durante quarenta anos, sobre os benefícios decisivos do brincar da criança para garantia de uma vida adulta criativa e cheia de vitalidade.
Winnicott estudou desde os bebês e toda a vida infantil, mostrando como se dá o desenvolvimento humano. Ficou muito conhecido através de programas radiofônicos nos quais ensinava o papel das “mães suficientemente boas” no desenvolvimento da criança. Winnicott foi médico assistente no Paddington Green Children’s Hospital, lugar que ocuparia durante 40 anos, tratando de mais de 60 mil crianças e adolescentes.
No bebê, ele estudou como a criança começa a se relacionar com o mundo externo através dos brinquedos e até objetos como a fraldinha, que pode ganhar um nome de Papo; uma cobertinha; um bonequinho; um bubu, enfim, algum objeto ao qual ele confere vida e status, lhe permitindo realizar essa transição do seu mundo interno para o mundo externo. A esses objetos ele chamou de “objetos transicionais”.
Winnicott traz para o centro da discussão psicanalítica ideias sobre as crianças que tinham sido negligenciadas, mas estavam presentes nas obras de filósofos e poetas de vários séculos. Essa área intermediária, entre a realidade interna e externa, é intensamente pessoal, já que sua experiência depende, desde que propriamente utilizada, das experiências primitivas de cada indivíduo. Se a criança utilizar essa área para iniciar seu relacionamento com o mundo, primeiramente através dos objetos transicionais, e depois através do brincar e das brincadeiras compartilhadas, então a vida cultural e a fruição de sua herança cultural estarão ao seu alcance. Na apresentação do Brincar e a Realidade, já é revelado o sentido do encanto de viver que todos nós buscamos intuitivamente. (Winnicott, 1971)
Na obra, está escrito que o psicanalista “se preocupa com os primórdios da vida imaginativa e da experiência cultural em todos os sentidos, e com tudo o que determina a capacidade individual de viver criativamente e encontrar vitalidade na vida”.
Para Donald Winnicott, brincar é coisa séria!