Segundo investigação da Polícia Civil do DF, eles faziam parte de grupo que usou documentos falsos para usurpar propriedades; defesa diz que medida é ‘ilegal’. Ao todo, ação cumpre sete mandados de prisão e 11 de busca e apreensão.
O empresário e ex-deputado federal e distrital José Fuscaldi Cesilio, mais conhecido como Tatico, está entre os presos pela Polícia Civil do Distrito Federal nesta terça-feira (21), na operação que apura apropriação ilegal de fazendas no Entorno do DF. O filho dele, Alessandro José Cesilio, também foi detido.
A operação, que ganhou o nome de Looping 2, cumpre sete mandados de prisão e 11 de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do DF. Segundo as investigações, o grupo usava documentos para se apropriar ilegalmente dos imóveis. Um dele foi avaliado em R$ 15 milhões (veja detalhes abaixo).
Em nota, a defesa do empresário e do filho afirma que “as medidas adotadas pelo Magistrado da 3ª Vara Crimina de Taguatinga são totalmente ilegais, sem prova da materialidade ou quaisquer indícios suficientes da autoria”.
“Não há, vale dizer, lastro probatório que se ajuste às hipóteses da fraude atribuídas aos srs. José Fuscaldi e Alessandro José Cesilio. Ao contrário, são vítimas dos fraudadores, inclusive, promoveram medidas judicias cíveis para reparar os prejuízos que sofrem na compra do imóvel rural em questão”, diz a defesa.
Quem é José Tatico?
José Tatico foi eleito deputado distrital pela primeira vez em 1998. Já em 2002, foi eleito deputado federal pelo DF. Em 2006, se elegeu novamente para o mesmo cargo, mas desta vez pelo estado de Goiás.
Em 2008, chegou a ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), por caixa 2 durante a campanha, mas foi mantido no cargo por meio de uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já em 2010, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos de prisão por sonegação e apropriação indébita de contribuição previdenciária dos funcionários de uma de suas empresas. No entanto, em 2013, a pena foi declarada extinta pela Corte.
Looping 2
Entre os detidos ainda estão o chefe de um escritório de advocacia e um servidor federal, que também atua como tabelião. Todos são suspeitos de participação no esquema. Segundo as investigações, a quadrilha atuou entre 2014 e 2020.
A polícia afirma que os documentos eram falsificados e usados em cartórios. Os mandados foram cumpridos em:
- Lago Sul (DF);
- Vicente Pires (DF);
- Águas Claras (DF);
- Setor de Indústrias Gráficas (SIG) (DF);
- Guará (DF);
- Gama (DF);
- Goiânia (GO);
- Padre Bernardo (GO);
- Mimoso (GO);
- Águas Lindas de Goiás (GO).
Durante o cumprimento das ordens, as equipes apreenderam aparelhos celulares, dispositivos eletrônicos, documentos diversos e R$ 35 mil em espécie.
Esquema e investigação
Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram em 2021, logo após a realização da operação Looping pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e Fraudes (Corf).
Os investigadores afirmam que a primeira etapa apurou que um grupo criminoso, composto por empresários, um advogado e um antigo tabelião de um cartório de Limeira (MG), havia falsificado documentos, dentre eles uma certidão da Terracap, e invadido uma grande área pública, que foi dada como garantia de um empréstimo.
Segundo a polícia, a partir de então, os investigadores descobriram que esse mesmo tabelião, que foi afastado por irregularidades em 2015, tinha produzido outra procuração falsa.
O documento forjado foi usado em 2016, em um cartório do DF, para transferir uma fazenda localizada em Mimoso (GO) para um empresário. O imóvel fazia parte de um espólio e estava avaliado em cerca de R$ 10 milhões.
Ainda de acordo com os investigadores, o mesmo grupo lavrou uma terceira procuração, com uso de documentos falsos, em Dom Bosco (MG). O objetivo era lavrar escritura de compra e venda falsa de uma terceira fazenda, também localizada em Mimoso.
A propriedade é avaliada em R$ 15 milhões. A polícia afirma que os criminosos se aproveitaram do fato de os verdadeiros proprietários do imóvel serem idosos em grave estado de saúde.
Segundo a corporação, os suspeitos vão responder pelos crimes de falsidade ideológica, falsificação de documentos, uso de documentos falsos, esbulho possessório e associação criminosa. (Com g1/DF)