Ele vinha sendo pressionado a deixar o cargo. Bolsonaro já indicou novo nome, que precisa ser aprovado pelo Conselho de Administração
A Petrobras comunicou na manhã desta segunda-feira (20/6) que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo. A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora, informou a companhia em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Coelho cedeu à pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem afirmado que o conselho da Petrobras está “boicotando” o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, ao não se reunir para votar as novas indicações feitas pelo governo para o comando da empresa.
Em maio, Bolsonaro indicou o quarto nome para presidir a Petrobras: Caio Mário Paes de Andrade, que ocupava uma secretaria do Ministério da Economia, a de Desburocratização, sob o comando do ministro Paulo Guedes.
A renúncia de José Mauro Coelho vem dias após reajustes nos preços dos combustíveis. O preço do litro da gasolina vendido às distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06, um aumento de 5,18%. No caso do diesel, de R$ 4,91 para R$ 5,61 (14,26%).
O reajuste foi anunciado depois de quase 100 dias sem alteraçõs nos preços. O Conselho de Administração da Petrobras aprovou o aumento, em reunião extraordinária realizada na quinta-feira (16/6). O encontro que decidiu o reajuste aconteceu durante o feriado, em convocação de emergência.
Com o impasse entre as demandas do governo e do Congresso – que querem os preços mais baixos – e do mercado, que insiste na política de preço de paridade de importação (PPI), o conselho apostou no aumento. A maioria dos participantes afirmou que é da competência do conselho tomar esse tipo de decisão e que isso estaria no estatuto.
CPI da Petrobras
Na última sexta-feira (17/6), o presidente Bolsonaro propôs instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), no Congresso Nacional, para investigar o presidente, os diretores e o conselho administrativo e fiscal da Petrobras.
Nesta segunda, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que uma possível CPI “não vai nem andar”. Isso por uma questão de timing político, tendo em vista a proximidade do calendário eleitoral.
O colunista do Metrópoles Igor Gadelha apurou que aliados devem tentar convencer Bolsonaro a desistir da ideia de patrocinar uma CPI.
A avaliação na bancada governista é que o presidente lançou a ideia em um momento de irritação com o aumento de preços anunciados pela estatal, mas que, com calma, perceberá que a iniciativa seria “um tiro no pé”.
Interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que chegou a pedir a renúncia de José Mauro Coelho, explicam que, como é o próprio governo que nomeia o presidente da Petrobras e boa parte do conselho diretor, são altas as chances de que uma CPI atinja o próprio Palácio do Planalto.
Em especial em um ano eleitoral, pode também prejudicar sua base aliada no Congresso.