Outro fator que alimentou a aversão ao risco nesta segunda-feira foi o aumento de casos de covid-19 em metrópoles da China
As bolsas europeias fecharam em forte queda nesta segunda-feira, 13, na quinta sessão consecutiva de baixas no Velho Continente. Perspectivas de aperto monetário nos Estados Unidos e na Europa, em meio à escalada inflacionária global, seguem pesando sobre os mercado acionários da região. Ao mesmo tempo, contração do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido e a possibilidade de novas restrições na China por causa da covid-19 deterioram ainda mais o sentimento de investidores, já pessimistas com o crescimento da economia global.
O índice pan-europeu Stoxx 600 terminou o dia em baixa de 2,41%, aos 412,52 pontos. Em Londres, o FTSE 100 recuou 1,53%, aos 7 205,55 pontos, após o PIB britânico mostrar recuo inesperado entre março e abril, de 0,3%.
Segundo a Capital Economics, a leitura de abril reflete o término do programa de testagem gratuita para covid-19, que cortou 0,5 ponto porcentual do dado. Ainda assim, a economia do Reino Unido deve continuar fraca nos próximos meses, e o Banco da Inglaterra preferirá subir os juros em 25 pontos-base na reunião desta semana, projeta a casa.
Ainda sobre a economia do Reino Unido, foi divulgado nesta segunda que a produção industrial britânica recuou 0,6% entre março e abril, contrariando expectativa de alta marginal.
No cenário global, a aversão ao risco ocorre na esteira dos movimentos de sexta-feira, quando um índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mais forte que o esperado nos EUA desencadeou especulações sobre um aumento mais agressivo do juro básico pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), cujo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reúne na próxima quarta-feira.
A maioria das análises de economistas projetam um comunicado duro e uma coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell que não excluirá a chance de altas ainda maiores do 50 pontos-base em reuniões futuras. O Barclays, por exemplo, já espera alta de 75 pontos-base nesta semana, possibilidade considerada também pela Capital Economics. Segundo ferramenta do CME Group, há no momento 67,3% de chance de alta de meio ponto porcentual e 32,7% de elevação de 75 pontos-base.
Entre outras mercados europeus, o índice DAX recuou 2,43% em Frankfurt, aos 13.427,03 pontos, o parisiense CAC 40 baixou 2,67%, aos 6.022,32 pontos, e o FTSE MIB, de Milão, cedeu 2,79%, aos 21.918,04 pontos. Nas praças ibéricas, o lisboeta PSI 20 caiu 1,18%, aos 6.016,09 pontos, e o madrilenho IBEX 35 fechou em queda de 2,47%, aos 8.183,30 pontos.
Outro fator que alimentou a aversão ao risco nesta segunda-feira foi o aumento de casos de covid-19 em metrópoles da China, incluindo a capital Pequim, poucas semanas depois do país ter relaxado as restrições em combate á doença. De acordo com a mídia estatal, Pequim registrou um surto e alterou planos para retomada de aulas presenciais, enquanto Xangai segue com seu programa de testes em massa.
Por fim, segue em foco o aumento dos juros dos bônus da Europa após a sinalização de que o Banco Central Europeu (BCE) vai elevar os juros nas suas duas próximas reuniões, em julho e setembro. Nos últimos dias, o crescente spread entre os retornos do BTP italiano e o Bund alemão fomentou temores de uma nova crise da dívida na zona do euro.
Na opinião do presidente do BC da Eslováquia, Peter Kazimir, o BCE deveria subir a taxa básica em meio ponto porcentual em setembro, após uma elevação de 25 pontos-base em julho. A visão é compartilhada pelo chefe do BC da Lituânia, Gediminas Simkus. Ambos também fazem parte do Conselho do BCE que decide a política monetária na zona do euro.
Estadão Conteúdo